Em resposta às críticas do governador de Minas, Romeu Zema (NOVO), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (17) que o gestor mineiro quer que a União “cubra o calote que o Estado vem dando nas operações de crédito com instituições financeiras”. A postagem na rede social X ocorreu depois que Zema novamente acusou o presidente Lula de “mutilar” o Propag, Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, ao citar os vetos a trechos do texto. É o segundo dia consecutivo de troca de farpas entre os gestores.
Na publicação, Haddad rebateu todas as acusações de Zema contra o governo federal. Apontou, por exemplo, que o governador mineiro só conseguiu fazer o “dever de casa” com as contas públicas ao dar um calote de “30 bilhões da dívida com a União e de R$12 bilhões com os bancos privados”. O ministro disse, também, que sob a gestão de Romeu Zema, a dívida mineira saltou de R$119 bilhões para R$185 bilhões, por falta de pagamentos e pelos juros.
Ainda na postagem, Fernando Haddad ressaltou que “os desafios fiscais são muitos para todos, mas que ele é da ala que acredita que calote não se confunde com ajuste fiscal”. O ministro finalizou ressaltando que a União concordou com o Propag, pois é “um grande gesto e um grande esforço fiscal em prol dos estados brasileiros, especialmente para os mineiros”.
Além dessa postagem, Haddad também afirmou, em entrevista nesta tarde à CNN, que Zema escondeu a verdade dos fatos ao fazer críticas ao governo federal sobre o programa.
“Hoje, nós estamos vivendo um momento de uma política que não tem civilidade nenhuma, as pessoas mentem descaradamente, é uma coisa aviltante. O governador Zema, que twittou contra mim, contra o presidente Lula, foi ao meu gabinete e fez uma proposta menor do que o Congresso aprovou. O Congresso foi além do que ele pediu e ele simplesmente disse que o presidente Lula não atendeu porque vetou um dispositivo que obrigava o governo federal a pagar dívidas com bancos. Isso não tem nada a ver com a União”, declarou.
Desde a sanção com vetos do Propag, o governador Romeu Zema tem encabeçado as críticas à União pelos trechos retirados por Lula. Na última publicação sobre o assunto, Zema afirmou que os vetos impõem “custos extras aos mineiros, enquanto o governo federal mantém 39 ministérios, esbanja com viagens luxuosas e impõe sigilo de 100 anos no cartão do presidente”.
Ele também chegou a declarar que Minas pode não aderir ao programa, se os vetos não forem derrubados pelo Congresso. A lei sancionada dá o prazo até 31 de dezembro para fazer a adesão ao Propag.
Atualmente, as dívidas dos estados com a União chegam a quase R$ 800 bilhões de reais. Com o programa sancionado, os estados terão melhores condições de pagamento dos débitos, como redução dos juros e parcelamento em até 30 anos, em troca de investimentos em áreas prioritárias, como saúde e educação. Segundo o Ministério da Fazenda, essas concessões devem custar R$21 bilhões ao ano à União.