Nesta semana, você acompanha a Sabatina do Ouvinte, um tipo diferente de sabatina com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. A CBN encaminhou aos candidatos perguntas enviadas pelos ouvintes em áudio. Também em áudio, eles responderam diretamente aos ouvintes sobre as propostas para os temas que preocupam os paulistanos.
Nesta terça-feira (3), você acompanha a sabatina com Guilherme Boulos. Confira abaixo:
Filas de consultas médicas na rede municipal
O ouvinte Sebastião Neto quer saber como o candidato pretende acabar com as filas de consultas com especialistas na rede municipal.
Ouvinte: Candidato, o senhor e todos os outros candidatos estão dizendo que vão acabar com as filas de consultas para especialistas em São Paulo. A questão é: faltam especialistas, tipo neurologista, neurologista pediátrico, cardiologista pediátrico, etc., na rede privada de São Paulo. Se faltam médicos na rede privada, como é que o senhor vai conseguir médicos para atender na rede pública e acabar com as filas?
Guilherme Boulos: Oi, Sebastião. Vê só, o problema da falta de médicos em São Paulo é, essencialmente, um problema de distribuição. Se você olhar a média da cidade, São Paulo está acima do que a OMS, Organização Mundial da Saúde, considera como ideal do número de médicos por habitantes. Tem mais em São Paulo. Só que, pelas regiões da periferia, tem muito menos. Esses médicos estão muito concentrados.
Então, o investimento na formação de especialistas em residências é muito importante e o programa Mais Médicos Especialidades, que nós vamos fazer, também é para estimular que esses médicos atuem na rede pública. E até médicos de outras partes do Brasil, de outras cidades, de outros estados do país possam vir trabalhar em São Paulo atraídos por condições melhores, que a prefeitura vai oferecer nos editais de credenciamento do Mais Médicos Especialidades, para poder trazer neurologista, ortopedista, ginecologista, cardiologista para a rede pública, que hoje é o grande gargalo.
O Poupatempo da Saúde vai ser justamente isso, centro diagnóstico e atendimento de especialidades, 16 unidades espalhadas pelas periferias da cidade onde, hoje, a fila é maior. A ideia é a gente conseguir reduzir drasticamente essa fila, garantir um atendimento mais rápido, mais eficiente. Tanto na consulta com especialista quanto para poder fazer o exame.
Planos para o meio ambiente
A Jacqueline Cruz quis saber as propostas de Guilherme Boulos para o meio ambiente.
Ouvinte: Eu queria saber o que você, como prefeito, tem em mente ou quais os seus planos em relação ao meio ambiente com a cidade de São Paulo.
Guilherme Boulos: Oi, Jacqueline, tudo bem? Essa vai ser uma prioridade do nosso governo em São Paulo: Um programa ousado de sustentabilidade que está baseado em três grandes temas. Primeiro, a gente reduzir a emissão de carbono, a poluição na cidade, que é um dos grandes temas do aquecimento global.
Como que a gente vai fazer isso a partir da prefeitura? Fazendo com que, em quatro anos, pelo menos metade da frota de ônibus e de carros associados a serviços da prefeitura, seja elétrica ou híbrida, com zero emissão de carbono.
O segundo eixo é a parte da reciclagem dos resíduos sólidos. Hoje, é um absurdo. São Paulo recicla só 2% dos resíduos que produz. 98% são enterrados em aterro sanitário, produzindo gás metano. Isso é antieconômico, porque deixa de gerar renda e, ao mesmo tempo, também absolutamente anti-sustentável. Nós vamos fazer isso em parceria com as cooperativas de catadores nos 96 distritos.
E o terceiro eixo para lidar com os fenômenos climáticos extremos, essas grandes chuvas como a gente viu no Rio Grande do Sul, é mais áreas permeáveis. Menos cimento, mais áreas verdes, viabilizar parques, parques lineares, infraestrutura verde. Na linha de cidades esponja que todas as grandes metrópoles do mundo estão, hoje, investindo.
É isso. Um abraço. Obrigado, Jacqueline.
Melhorias no trânsito da cidade
Em relação à mobilidade urbana, a ouvinte Suely questionou o candidato sobre propostas para melhorar o trânsito da cidade, mas pensando em usuários de veículos de passeio.
Ouvinte: Muito se fala a respeito de mobilidade urbana, de transportes públicos, e isso é extremamente importante. Mas eu gostaria muito de saber qual é o plano para os usuários de veículos de passeio. Porque eu, por exemplo, sou profissional, trabalho muito e tenho que fazer visitas por todas as regiões, inclusive interior. Então, eu utilizo o carro na empresa, e eu preciso saber o que vai ser feito para melhorar o trânsito.
Guilherme Boulos: Oi, Suely. Tudo bem? Primeiro, a própria melhora do transporte público já causa uma melhora no trânsito. Pensa bem: muita gente que, hoje, usa o seu carro particular para fazer as coisas, para ir para o trabalho, para os deslocamentos diários.
Se o ônibus for mais rápido, e quando você constrói corredores os ônibus se tornam mais rápidos, e se o ônibus melhorar a qualidade, que é o que nós vamos fazer, exigindo que as empresas cumpram o contrato, botem a frota toda na rua para reduzir a superlotação, diminuir o intervalo entre uma viagem e outra, você já estimula uma parte das pessoas a irem de ônibus, reduz o número de carros na rua e, com isso, melhora o trânsito. Já tem um efeito aí.
Mas existem outras medidas. A gente juntou um time muito bom de especialistas em mobilidade urbana. Pega, por exemplo, a parte dos semáforos inteligentes. Se você integra os semáforos da cidade com inteligência artificial, a gente esteve inclusive conversando com as plataformas que operam isso, você já vai causar uma melhora.
Parte do problema de trânsito em São Paulo, lógico, tem excesso de veículos, mas uma outra parte é o problema de gestão de tráfego urbano e que a gente vai fazer nesse sentido também, além de adequações e obras viárias que sejam necessárias para reduzir o tempo de deslocamento na cidade.
Obrigado, Suely.
Contratação de profissionais para educação integral
Eduardo Barbosa pergunta sobre a contratação de profissionais para a educação integral.
Ouvinte: Como será feita a contratação de profissionais para atender as crianças na educação integral? Hoje, não existem profissionais adequados na área de artes e esporte para fazer esse atendimento no contraturno. Outra questão: as escolas nem sempre têm a estrutura e espaço físico para acolher as crianças nessas atividades. Como serão feitas essas adequações?
Guilherme Boulos: Oi, Eduardo. Você tem toda a razão na sua preocupação, e é por isso que, no nosso plano de governo, a gente pensou em implantar a educação integral gradualmente. Não dá para fazer de um momento para o outro, de sopetão.
Primeiro pela questão dos professores, dos profissionais. Não dá para você precarizar o trabalho desses professores, expandir jornada. Isso vai demandar a contratação de mais profissionais, não só da educação, mas também de esporte e cultura.
Esses profissionais de esporte e cultura, muitos já fazem trabalhos, já têm projetos sociais. A questão é a gente construir editais para contratá-los para atuar ligados aos equipamentos de escolas. Dar aula de música, de dança, de violão, de ginástica, de capoeira e por aí vai, nós temos acompanhado esses projetos.
A outra parte é a adequação da estrutura das escolas. Porque, para as crianças, hoje, por exemplo, tem um turno de manhã e outro turno de tarde com turmas diferentes. Se as crianças de manhã e de tarde ficarem nos dois períodos, você vai dobrar a capacidade da escola. Portanto, você precisa adequar a estrutura física da escola.
Nós já planejamos isso. Sentamos, inclusive, com arquitetos e engenheiros pensando as estruturas padrão da escola e a ideia é fazer nas EMEIs e EMEFs ao longo dos quatro anos.
Para nós, a educação integral não é só um ponto do programa, mas é uma questão de futuro para as próximas gerações. Por isso, vamos investir nisso.
Veículos e motocicletas barulhentos
A última pergunta veio do ouvinte Mauro.
Ouvinte: Como o senhor fará para, efetivamente, cumprir a lei quanto a veículos e motocicletas polidores e extremamente barulhentos? Ainda sobre infrações da cidade limpa e carros descaracterizados que usam sinais luminosos e sonoros atrapalhando o nosso trânsito.
Guilherme Boulos: Fala, Mauro. Tudo bem? Bem, vê só. Esse problema que eu acho que é… Enfim, irrita todo mundo que vive em São Paulo. Essa poluição sonora excessiva, da falta de fiscalização. Parte dele é responsabilidade do estado. Pega, por exemplo, alteração de características originais de um carro, da própria emissão maior de poluentes. Isso é fiscalização via Detran.
Parte dele é da Prefeitura, por meio da CET. Então, nós vamos fortalecer este papel da CET na organização do tráfego em São Paulo. Isso é fundamental para garantir um trânsito melhor, inclusive com educação no trânsito, com prevenção de acidentes. Não só atuar quando o problema já ocorreu. Agora, uma coisa que eu aposto muito para a gente reduzir a poluição sonora em São Paulo é o investimento e o estímulo na eletrificação da frota.
Faz toda a diferença. Se você comparar um ônibus elétrico ou um carro elétrico, que a Prefeitura também pode criar estímulos, o barulho que faz, ou mesmo uma moto elétrica, o barulho que faz em relação ao motor à combustão é radicalmente diferente. Por isso, o estímulo, também, à matriz elétrica para os automóveis, ajuda muito a combater a poluição sonora.