O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que os militares das Forças Especiais do Exército, os chamados kids pretos, usaram técnicas para dificultar as investigações da trama golpista e chegaram a estudar a investigação do caso do assassinato de Marielle Franco para tentar driblar a Polícia Federal.
Andrei Rodrigues disse que os envolvidos tentavam não deixar rastros para a investigação. Por exemplo, os chips de celulares eram habilitados em nomes de outras pessoas e eles evitavam até usar transporte por aplicativo para não deixar nenhum registro. Esse detalhamento foi feito durante um café da manhã do diretor-geral da Polícia Federal com jornalistas.
Apesar de a cúpula militar estar no centro da investigação da trama golpista, Andrei disse que a Polícia Federal mantém uma relação institucional com as Forças Armadas “no mais alto nível”. Ele disse que toda vez que há buscas e apreensões ou prisões em unidades militares, mantém contato com o comandante do Exército na véspera, e citou inclusive o bom relacionamento com os três comandantes.
Andrei negou qualquer timing político nas investigações e falou que não houve nenhum excesso, como por exemplo, presos algemados ou até mesmo “esculacho”. Ele ainda disse que desde quando integrava a equipe de segurança do hoje presidente Lula, ele percebia que havia um movimento de tentativa de golpe, mas que não tinha a dimensão do que viria pela frente.
Andrei ainda citou um ofício que enviou ao Ministério da Justiça um dia antes dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro, com alerta sobre os ataques aos prédios do Planalto do Congresso e também do Supremo Tribunal Federal.
Andrei afirmou que a investigação da Abin paralela não deve ser concluída até o fim deste ano, mas ele não explicou o motivo. Em relação às insatisfações do Congresso com inquéritos instaurados por discursos parlamentares na tribuna da Câmara dos Deputados, no Plenário, Andrei indicou que a reação do presidente da Câmara, Arthur Lira, não vai impedir a investigação contra esses deputados.
