Depois de evitar falar sobre a proposta que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, o governo Lula quebrou o silêncio ao criticar o texto. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que no início da semana ficou em cima do muro, afirmou nesta sexta-feira que o governo não apoia o projeto e nem vai trabalhar para mudar a atual legislação sobre aborto no país.
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que tem interlocução com grupos evangélicos e conservadores, disse, em entrevista no Planalto, que a proposta é desrespeitosa e desumana com as mulheres. A primeira dama, Janja Lula da Silva, usou as redes sociais também para criticar o projeto. Janja afirmou que o texto é absurda e retrocede direitos, atacando a dignidade das mulheres e meninas, garantida pela Constituição.
O que os parlamentares avaliam é uma mudança nas penas. Pelo texto, a mulher que for estuprada e abortar pode ser condenada a 20 anos de prisão, enquanto o estuprador ficaria preso a metade desse tempo. O coordenador da Bancada Evangélica, deputado Eli Borges, do PL, diz que as punições podem ser revistas, mas ele defende a aprovação do texto.
A proposta vem gerando atrito também entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. O presidente do Senado disse que o texto jamais seria levado direto ao plenário. Sem fazer nenhum juízo de valor quanto a proposta, Pacheco disse ainda que a discussão de um tema sensível não poderia ter sido feita de forma apressada.