A crise diplomática entre Brasil e Israel que teve início há um mês, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou as ações israelenses em Gaza ao Holocausto, começou a se acalmar, disse o enviado de Israel em Brasília nesta segunda-feira (25).
“Estamos tentando diminuir as chamas e estamos esperançosos”, afirmou o embaixador Daniel Zonshine em entrevista à Reuters. Ainda assim, ele destacou que “levará tempo para voltarmos às relações plenas”.
As relações entre os dois países foram abaladas quando Lula, visitando Adis Abeba para uma cúpula da União Africana, irritou Israel dizendo que o único precedente histórico para as mortes em Gaza foi o genocídio nazista dos judeus.
A comparação foi totalmente inaceitável, segundo Zonshine.
O embaixador do Brasil em Israel, Fred Meyer, foi convocado para uma reunião com o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, no dia seguinte, para uma reprimenda no Museu de História do Holocausto, em Jerusalém.
Katz declarou que Lula não era bem-vindo em Israel até pedir desculpas, o que o chefe de Estado brasileiro não fez.
Meyer foi chamado de volta a Brasília e não há data para o retorno do embaixador a Israel.
Não houve novas declarações duras de nenhum dos lados, destacou Zonshine, abrindo caminho para a melhoria das relações e a continuação da cooperação israelense com o Brasil em muitas áreas, desde agricultura e irrigação até aviação e tecnologia de segurança.
O governo brasileiro não informou se prosseguiu com a contribuição anunciada por Lula em fevereiro à UNRWA, a agência da ONU que fornece cuidados de saúde, alimentação e educação aos refugiados palestinos.
Israel acusa funcionários da UNRWA de serem membros do Hamas, incluindo a sua ala militar. Uma investigação da ONU está atualmente apurando o caso e ainda não divulgou as suas conclusões.