Enterro será no Cemitério São João Batista, em Botafogo, às 16h30. As cerimônias serão abertas ao público.
O velório do cartunista e escritor Ziraldo vai ser realizado a partir das 10 horas da manhã deste domingo (7), no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, e estará aberto ao público. Ziraldo, que morreu aos 91 anos de causas naturais enquanto dormia em sua casa neste sábado (6), é reconhecido como um dos principais autores da literatura infanto-juvenil brasileira, com obras icônicas como ‘Menino Maluquinho’ e ‘Turma do Pererê’, que venderam milhões de cópias.
A carreira de Ziraldo teve início nos anos 1950, trabalhando em jornais e revistas, e foi um dos fundadores do ‘Pasquim’, veículo conhecido por sua oposição à Ditadura Militar, adotando o humor e a ironia contra o regime.
Miriam Leitão, comentarista da CBN e amiga de Ziraldo, enfatizou a importância dele na luta contra a ditadura e lamentou a grande perda para a literatura infantil brasileira com seu falecimento. Ela também apontou o pioneirismo de Ziraldo na representação da diversidade étnica em suas obras.
“O Jornal Pasquim foi uma grande resistência, uma trincheira na qual ele trabalhou como um dos diretores e como um cartunista, um cartunista. E ele sempre militou na luta contra a ditadura. Ele deixou claro isso. Nas falas dele tem um vasto material mostrando a luta dele contra a ditadura. E ele sempre fez uma história infantil e nos quadrinhos também, inclusiva, que incluía o indígena, que incluía o negro, que incluía todos, né? Ele via o Brasil como um todo e não um Brasil branco como a elite. Então ele sempre representou esse Brasil plural, nos seus desenhos, nas suas histórias, nos seus quadrinhos.” conta.
Caco Galhardo, outro cartunista, destacou a genialidade de Ziraldo em criar conteúdo que se comunica com várias gerações e falou sobre a relevância de seu trabalho para os profissionais da área. Galhardo observou ainda como a obra de Ziraldo se conecta com crianças de diferentes épocas.
“Ele é um artista que conseguiu essa proeza de falar tanto com as crianças como com os adultos. Ele tinha um leque muito extenso. O Ziraldo era um gênio. Nós, cartunistas, somos todos filhos do Ziraldo. Eu, quando comecei a desenhar, primeiro na infância, turma do pererê, era uma coisa que eu lia muito, curtia, toda aquela turminha dos indígenas e tal. Era tão bonito aquele trabalho do Ziraldo, e aí você vai crescendo e vai conhecendo o trabalho mais adulto. Às vezes a gente tem a sensação de que a gente só se conecta com as coisas que estão na tecnologia, nas redes sociais, em todo esse universo tecnológico. Mas nem sempre. O Menino Maluquinho está atravessando toda essa história tecnológica, ele continua marcante e presente, emocionando as crianças e sendo uma referência muito grande dentro da nossa cultura.” opina.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, decretou luto oficial de três dias pela morte do artista, ressaltando que a perda de Ziraldo deixa uma lacuna de talento, irreverência e criatividade no imaginário popular brasileiro.