O jornalista, escritor e pesquisador musical Sérgio Cabral está sendo velado, nesta segunda-feira (15), na sede náutica do Vasco da Gama, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O pai do ex-governador Sérgio Cabral Filho morreu nesse domingo, aos 87 anos.
Cabral estava internado há três meses em um hospital da Zona Sul da capital fluminense por conta de um enfisema pulmonar. Ele também sofria de Alzheimer.
O jornalista foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, símbolo da resistência durante a ditadura militar. Esta atuação levou à sua prisão em 1969, mas também consolidou a reputação de Sérgio Cabral como defensor da democracia e da cultura brasileira.
Relembre a trajetória de Sérgio Cabral
Sérgio de Oliveira Cabral Santos nasceu no Rio de Janeiro e começou a carreira aos 20 anos como repórter policial dos Diários Associados. Ao longo da vida, ele se destacou como escritor, compositor e cronista, sendo uma figura central na documentação e valorização da Música Popular Brasileira, especialmente o samba.
No velório, o ex-governador Sérgio Cabral Filho lembrou do legado do pai, também como jornalista esportivo, e a atuação dele no período da ditadura.
“Na primeira década da sua carreira, foi um jornalista esportivo de muito destaque. Minha memória no Maracanã com ele é sendo abordado o tempo inteiro: ‘Pô, Cabral, fala mais tarde que o Vasco não sei o quê, dá uma bronca em fulano, homenageia beltrano’. Então, ele era um sujeito múltiplo. Ele era dono do Pasquim, o jornal que, digamos assim, bagunçou o coreto da ditadura. Assim, uma pessoa de muito valor intelectual, pessoal, moral”.
Apaixonado pelo samba, Cabral criou o musical “Sassaricando: e o Rio inventou a marchinha”, em parceria com a historiadora Rosa Maria Araujo. Ele também colaborou com o maestro Rildo Hora e publicou biografias detalhadas de grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, Pixinguinha e Nara Leão.
Ele também teve uma carreira política, sendo vereador do Rio de Janeiro por três mandatos consecutivos, entre 1983 e 1993, e também conselheiro do Tribunal de Contas do município até a sua aposentadoria, em 2007.
Jornalista deixa legado ‘marcante’, diz Lula
Nas redes sociais, o presidente Lula afirmou que Sérgio Cabral escreveu uma página importante da cultura do país e que deixa um legado marcante para as gerações brasileiras. A viúva do jornalista também falou um pouco sobre como era o marido, além de detalhar os últimos anos e meses da vida dele.
“Foi um homem inteligente, ativo, honesto, com bons princípios, muito alegre, feliz, vascaíno. Deixou o legado do Vasco para todos nós. Ele dizia que queria viver até os 120 anos, mas, infelizmente, teve uma pneumonia braba uma semana depois do carnaval e, desde então, a saúde ficou péssima e aí não se recuperou. Está descansando”.
O velório de Sérgio Cabral vai até o meio-dia desta segunda-feira na sede náutica do Vasco. No início da tarde, o corpo do jornalista será cremado no cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.