O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (19), manter a taxa de juros em 10,50% ao ano. O movimento já era majoritariamente esperado pelo mercado financeiro.
Com isso, a autoridade monetária interrompe um ciclo de cortes na Selic. As quedas aconteciam desde agosto de 2023, quando a taxa estava em 13,75% ao ano. Foram sete cortes seguidos desde então.
Na última reunião, o Copom já havia diminuído o ritmo de quedas. Em maio, o corte foi de 0,25 ponto percentual.
A decisão aconteceu por unanimidade: todos os diretores do Copom – incluindo tanto os indicados pelo presidente Lula, quanto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, votaram para manter a Selic no atual patamar.
Segundo o comunicado do Banco Central, o Comitê optou por interromper o ciclo de queda de juros por entender que o cenário global é incerto e o cenário doméstico é marcado, no momento, por resiliência na atividade econômica, por elevação das projeções de inflação e também por expectativas desancoradas que demandam uma maior cautela.
Economistas ouvidos pela CBN explicam que, a partir de agora, o Copom tem um olhar voltado para a inflação a partir de 2025. Neste sentido, eles dizem que é hora de “pisar no freio”, já que as expectativas pioraram.
A chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, pontua que a decisão dos diretores do Copom demonstra a necessidade de manter a Selic neste patamar.
O economista da Traad Investimentos, Leonardo Cappa, estima que a votação unânime é um recado para mostrar que não há decisão política dentro do Comitê:
“A gente acha que precisava ser uma decisão unânime para mostrar que não existe direcionamento , divisão de diretores indicados pela gestão Lula e Bolsonaro. Claro que o mercado sempre vai ficar acompanhando a isso por conta do último comunicado (maio), onde eles ficaram divididos”, disse.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo considera o movimento equivocado. A entidade disse que a estabilização da Selic gera um cenário de menor atratividade para o crédito e, consequentemente, menos consumo e financiamentos com juros mais caros.
Críticas de Lula
O petista disse que o Banco Central é a “única coisa desajustada” no Brasil e que o presidente da instituição “trabalha para prejudicar o país”. Afirmou ainda que Campos Neto não tem “capacidade de autonomia” e “tem lado político”.
Lula também disse que Tarcísio de Freitas tem mais influência nas decisões do BC que ele, como presidente. O chefe do Executivo ainda alegou que o governador de São Paulo era a favor da taxa de juros alta.
Recentemente, o governador de São Paulo ofereceu um jantar a Campos Neto – fato que irritou o presidente. Nesta quarta-feira, Tarcísio disse que Lula “está viajando”.
Já o Banco Central não se manifestou sobre as declarações do petista até o momento.
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