A Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou, em nota divulgada neste domingo (14), que a diplomacia brasileira foi desviada ao não condenar a agressão do Irã a Israel, na noite de sábado (13).
“A posição do governo brasileiro em relação ao ataque do Irã contra Israel é mais uma vez frustrante. O mundo democrático e vários países do Oriente médio se uniram a Israel em condenar e combater o ataque do Irã”, disse o presidente da Conib, Claudio Lottenberg.
“Já a atual política externa do Brasil optou por se colocar ao lado da teocracia iraniana, desviando novamente de nossa linha diplomática histórica de condenar agressões desse tipo. Lamentável”, acrescentou Lottenberg.
Mais cedo, o Instituto Brasil-Israel criticou a nota do Ministério das Relações Exteriores. Para a organização, o governo brasileiro “perdeu a oportunidade de condenar um ataque flagrantemente ilegal que pode levar a instabilidade na região a níveis imprevisíveis”.
“O governo brasileiro, infelizmente, preferiu abdicar de uma posição firme, não condenou os ataques, não se solidarizou com as famílias israelenses e optou por dar margem para dúvidas sobre o que se passou nesse dia”, apontou o instituto.
Brasil pede “máxima contenção” para evitar “escalada” do conflito entre Irã e Israel
Em comunicado (leia a íntegra abaixo) veiculado no sábado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro pediu “máxima contenção” para evitar uma “escalada” do conflito entre Irã e Israel.
“O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada”, disse o Itamaraty em nota.
No documento, o governo brasileiro ainda disse acompanhar o conflito com “grave preocupação”.
Ainda foi recomendado pelo Itamaraty que “não sejam realizadas viagens não essenciais à região” do conflito, e que brasileiros que estejam no Irã e em Israel “sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras”.
Leia a íntegra da nota
“O Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.
Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã.
O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.
O Governo brasileiro recomenda que não sejam realizadas viagens não essenciais à região e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras.
O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado.”
Ataque sem precedentes contra Israel
Na noite de sábado (13), o Irã deu início a uma ofensiva sem precedentes contra Israel. Mais de 300 drones e mísseis foram lançados contra o território israelense.
Para evitar estragos, a força militar israelense usou um escudo, conhecido como “Domo de Ferro”, que consiste em mísseis interceptadores que se chocam no ar com a ameaça inimiga, impedindo que o ataque aconteça.
Quase todos os projéteis lançados em direção a Israel foram interceptados pelo sistema, segundo informaram as Forças de Defesa de Israel (FDI).
Desde o início do conflito no Oriente Médio em outubro passado, esta foi a primeira vez que o Irã realizou um ataque direto contra Israel.
“Não nenhuma justificativa para um ataque desta natureza como aconteceu esta noite. O fato de que as forças israelenses conseguiram interceptar [os drones e mísseis], não pode ser levado de uma maneira leve”, argumentou o embaixador de Israel no Brasil.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país está preparado para dar uma resposta militar ao Irã.
FOTOS – Irã ataca Israel com mais de 300 drones
(Com informações de Henrique Sales Barros, da CNN, em São Paulo)