Documentos sigilosos obtidos pela CBN mostram que a Precisa Medicamentos fez, em quatro meses, transações atípicas de R$ 43,7 milhões. Os dados estão em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, enviado à CPI da Covid-19, com um resumo das movimentações de empresas ligadas ao então presidente da Precisa, que negociou a venda da vacina indiana Covaxin com o Ministério da Saúde.
O Coaf destacou que a maior parte da receita e da despesa da Precisa Medicamentos tinha como origem ou destinatário outras empresas dele. Segundo o conselho, as transações entre empresas do mesmo sócio dificultam a identificação da origem dos recursos.
Ao todo, cinco empresas ligadas a ele tiveram os dados analisados pelo Coaf. Em três delas, foram identificadas movimentações incompatíveis com o patrimônio ou a atividade econômica. Em outros casos, o conselho encontrou depósitos fracionados e transferências imediatas de recursos recém depositados.
O Coaf também identificou transferências de empresas do então presidente da Precisa para investigados pela Polícia Federal. Os documentos mostram que R$ 500 mil foram repassados a Newton Carneiro da Cunha, ex-diretor da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. Newton é réu na Operação Lava Jato e chegou a ser preso em 2018, por suspeita de fraude.
Um empresário investigado pela PF na Operação Ápia, que revelou um cartel em Tocantins para favorecer empresas em contratos com o governo, também foi citado no relatório do Coaf. Ele teria repassado, entre 2018 e 2020, R$ 400 mil ao então presidente da Precisa.
O relatório ainda destacou as transações financeiras da irmã do empresário. Os dados levantados pelo Coaf revelam a movimentação de R$ 6,5 milhões nas contas dela entre 2017 e 2021. Segundo o conselho, o montante não corresponde à renda mensal que ela tinha.
* Reportagem publicada originalmente no dia 06/07/2021 e editada em 28/06/2024