As negociações por um cessar-fogo em Gaza congelaram por conta da operação militar israelense em Rafah, afirmou o primeiro-ministro do Catar, o Sheik Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani nesta terça-feira (14), durante um fórum econômico em Doha.
Sheik Mohammed, cujo país tem sido o principal mediador entre o grupo palestino Hamas e Israel nos mais de 7 meses de conflito, afirmou que vai insistir nas negociações.
“Especialmente nas últimas semanas, enxergamos possibilidades, mas as coisas não foram na direção certa e agora estamos numa situação praticamente de impasse. É claro, o que acontece em Rafah causou um retrocesso”, afirmou Al-Thani.
A operação em Rafah começou neste mês. Agora, o exército israelense fechou o principal acesso de ajuda humanitária, localizado na fronteira com o Egito – movimentação que grupos de direitos humanos afirmam que piorou uma situação que já era dramática.
Tanques israelenses ocuparam a parte leste de Rafah nesta terça-feira (14), ampliando a ofensiva à cidade em que mais de um milhão de pessoas buscaram abrigo ao longo da guerra.
“Deixamos isso claro para todos: nosso trabalho é limitado à mediação”, afirmou o Sheik. “Isso é o que vamos fazer, o que vamos continuar fazendo”.
O líder firmou que a principal divergência entre as duas partes do conflito foi a soltura dos reféns e o fim da guerra.
Os ataques de Israel à Faixa de Gaza mataram mais de 35 mil palestinos, segundo estimativas das autoridades de saúde do Hamas. A guerra começou quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro, matando 1200 pessoas e sequestrando outras 252. A estimativa mais recente é de que 133 delas ainda estão em cativeiro em Gaza, segundo fontes israelenses.
“Uma das partes quer o fim da guerra e, então, conversar sobre os reféns. E a outra parte quer os reféns e continuar a guerra. Se não houver qualquer ponto comum entre os dois, não chegaremos a lugar algum” afirmou Sheikh Mohammed.
O primeiro ministro ainda avisou que, mesmo que a guerra parasse, sem um plano de resgate para Gaza haveria um risco crescente de radicalização no médio prazo.
“Estamos muito preocupados com a possibilidade de uma nova onda de radicalização. A segurança é essencial para a nossa região. Precisamos preservá-la ao máximo”, finalizou.