O delegado Rivaldo Barbosa – acusado de atrapalhar as investigações do caso Marielle Franco – apontou o ex-vereador Cristiano Girão, condenado por chefiar uma milícia, como mandante do crime.
Em interrogatório no Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira (24), o ex-chefe da Polícia Civil do Rio disse “não ter dúvidas” de que o ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora, o incriminou para proteger Girão, que foi condenado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e está preso. Ele chegou a ser investigado no inquérito que apurou o crime, mas a participação foi descartada.
Rivaldo depõe por videoconferência da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Segundo ele, Ronnie Lessa e Cristiano Girão “odeiam” a esquerda e teriam como alvo o ex-deputado Marcelo Freixo, mas escolheram Marielle por ser “mais frágil”. O delegado afirmou que Girão tem capacidade financeira de cometer o crime, mas delegou isso a Lessa, a quem chamou de “sagaz, inteligente e articulado”.
Rivaldo Barbosa iniciou o depoimento dizendo que, ao ser preso, em março de 2024, foi “assassinado” e que precisa da verdade e de liberdade. Ele afirmou que não tem qualquer relação com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados pela Polícia Federal como mandantes do assassinato da vereadora. Ambos também foram interrogados no STF nessa semana.
O delegado contou que conheceu Marielle Franco em 2012, quando ela passou a ser o elo entre ele e o então deputado estadual Marcelo Freixo. A parlamentar era responsável por levar familiares de pessoas assassinadas até Rivaldo, que era da Delegacia de Homicídios na época. Segundo o delegado, Marielle era uma pessoa maravilhosa, além de comprometida e dedicada ao trabalho.
Rivaldo disse ainda que, se pudesse, escolheria novamente o delegado Giniton Lages, que disse ao STF que não houve demora da Polícia Civil para investigar Ronnie Lessa no caso Marielle.