Em eventos com CEOs em São Paulo, Campos Neto destacou que a proposta de emenda à Constituição, que já tem mais de 200 assinaturas para ser protocolada, não vai garantir mais direitos aos trabalhadores.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira que o fim da escala de trabalho de seis dias trabalhados para um de folga teria como efeito anular as mudanças da Reforma Trabalhista. Em eventos com CEOs em São Paulo, Campos Neto destacou que a proposta de emenda à Constituição, que já tem mais de 200 assinaturas para ser protocolada, não vai garantir mais direitos aos trabalhadores.
“Acho que grande parte da surpresa pelo desemprego [de forma positiva] se deve às reformas que a gente fez, e à Reforma Trabalhista. Vejo com muita preocupação projeto do 6×1, vai contra o que a gente produziu na Reforma Trabalhista, que foi muito bom para o emprego no Brasil, e tem evidências disso. Não vai ser colocando mais deveres para os empregadores que você vai dar mais direitos aos trabalhadores. Essa é uma realidade que não existe”, disse.
Na última quinta, ele já tinha dito que a medida reduziria a produtividade de comércio e serviços e também elevaria o custo da mão de obra. A PEC do fim da escala 6×1 deverá ser protocolada quando alcançar cerca de 300 assinaturas, de acordo com a autora, deputada Erika Hilton. Apesar do apelo popular, o tema deverá ter tramitação lenta no Congresso e conta com forte resistência dos setores empresariais.
Além da manifestação a respeito do texto, Campos Neto ainda afirmou que as projeções de aumento da inflação não são resultado de má-vontade dos operadores da Faria Lima – ou seja, dos agentes do mercado financeiro. Segundo ele, a percepção por parte de empresários é ainda pior do que mede o Boletim Focus. Recentemente, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, falou em “chantagem aberta” do mercado para manter a Selic em alta.
Já em relação ao pacote de corte de gastos, Campos Neto ressaltou que a medida não pode vir como um combo de redução de despesas e aumento de receitas, ou o efeito seria diferente da expectativa do mercado. O presidente da autoridade monetária, porém, afirmou que enxerga “bastante vontade” no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em seguir com os planos de corte de gastos.