O Brasil vai precisar investir ao menos US$ 100 bilhões para combater o déficit de acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário. Na cotação atual, o valor equivale a cerca de R$ 558 bilhões, mais de meio trilhão de reais. O dado é de um estudo conduzido pelo Ministério das Cidades e foi apresentado pelo ministro Jader Filho na primeira reunião ministerial do grupo de Desenvolvimento do G20, realizada nesta segunda-feira (22), no Rio de Janeiro.
Na abertura, discursaram, além de Jader Filho, os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do Planejamento, Simone Tebet. O grupo de desenvolvimento deve debater, especialmente, três temas principais: acesso a água e saneamento, redução das desigualdades e a cooperação bilateral. Nesta segunda, o primeiro objetivo foi pauta da discussão.
De acordo com dados do Ministério das Cidades, em 2022, 30 milhões de brasileiros não tinham acesso à água tratada. A meta é universalizar o acesso até 2033. Já em relação ao esgotamento sanitário, 90 milhões de pessoas não possuíam, e a meta é reduzir o dado para cerca de 20 milhões até 2033, alcançando cobertura de 90%.
Serviços são essenciais à dignidade humana, diz ministro
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o acesso a esses serviços é essencial à dignidade humana.
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na reunião ministerial do grupo de Desenvolvimento do G20 — Foto: Alex Ferro/G20
“Água potável e saneamento básico são cruciais não apenas para o progresso econômico e social, mas também para a garantia dos direitos humanos, incluindo o direito à saúde e a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável. O Brasil detém uma das maiores reservas de água potável do planeta e, ao mesmo tempo, abriga a região semiárida mais densamente povoada do mundo. Esse cenário nos compõe o duplo desafio de preservar nossos recursos hídricos e de garantir uma melhor distribuição de sua utilização”, afirmou.
A ministra Simone Tebet, do Planejamento, destacou que essa é uma das principais demandas da população atualmente.
“Tive o privilégio de viajar todo o Brasil, todas as capitais brasileiras, as 27, no ano passado, fazendo a seguinte pergunta ao povo brasileiro” Que Brasil vocês querem para os próximos quatro anos? Pois bem, entre todas as demandas constou ali a importância da segurança hídrica e do acesso a saneamento básico”, pontuou.
Já o ministro Jader Filho pontuou que o governo brasileiro vem fazendo investimentos no setor.
“Um passo importante em direção à universalização da água potável foi a revisão do Marco de Regulamento do Saneamento, mas sabemos também que a iniciativa privada sozinha não chegará a todos os municípios e comunidades necessárias. Por isso, temos realizado investimentos expressivos no setor, como a carteira ativa de empreendimentos que somam 7,45 bilhões de dólares, incluindo em abastecimento de águas, esgotamento, manejo de águas e resíduos”, destacou.
O cronograma do G20 inclui discussões técnicas, que aconteceram nos últimos meses. Agora, autoridades dos países integrantes estão discutindo os temas a nível ministerial, para que em novembro a cúpula se reúna definitivamente e produza relatórios e decisões finais.
O Grupo de Desenvolvimento também se reunirá nesta terça-feira (23), com presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para discutir o combate às desigualdades e a cooperação trilateral.
Na quarta, dia 24 de julho, será realizada a reunião da Força-Tarefa para o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva