O comentarista da CBN Bernardo Mello Franco analisa a prisão do general Braga Netto.
O ministro do STF Alexandre de Moraes afirma em decisão que autorizou a prisão preventiva do general Walter Braga Netto que as investigações revelam “gravíssima participação” de Braga Netto, que assumiu um “verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento” dos atos golpistas. Moraes cita indícios de que o general “atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações” e destaca “extrema periculosidade” com a “existência de gravíssimos crimes e indício suficientes de autoria”. O comentarista da CBN Bernardo Mello Franco analisa a prisão.
“Se a gente for usar uma terminologia militar, a gente pode dizer que o Braga Netto era o 02 do golpe. Ele era aquele oficial-general que era o vice na chapa do Bolsonaro e que estava ali operacionalizando, comandando as operações, inclusive tramando contra militares que se recusaram nessa aventura autoritária. Agora, foi preso o 02. Todo mundo deve estar se perguntando quando vem a prisão do 01, e isso também pode ser um novo caminho para a gente ficar de olho, a partir daquilo que vai ser apreendido com o Braga Neto, a partir do que o Braga Netto vai dizer à justiça, agora que está preso, se isso de fato vai abrir caminho para a condenação e a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse golpe tinha chefe. A investigação da Polícia Federal mostra que havia uma cadeia de comando, o Braga Netto estava lá em cima, mas acima dele estava o ex-presidente Jair Bolsonaro, que apostou nessa trama, no fim das contas, para tentar se manter no poder, mesmo que fosse derrotado nas urnas como foi.”
O comentarista destaca o fato de que a prisão foi feita “sem espetacularização”:
“Há diferenças no padrão dessa operação de hoje, por exemplo, em relação àquilo que a gente viu na Lava Jato. Veja que até agora não saiu nenhuma imagem do Braga Netto preso, não foi chamada a equipe de TV para filmar a prisão dele, não houve nenhum tipo de humilhação, não se submeteu ele a uma situação vexatória… A lei está sendo aplicada sem espetacularização. Isso já é um certo avanço em relação ao que a gente viu nos últimos anos no Brasil.”
Bernardo Mello Franco ainda diz que “não há mais dúvida” da atuação de Braga Netto na trama golpista e que o fato de não haver uma “reação exaltada” dos militares contra sua prisão se deve ao fato de o general ser visto como traidor.
“Todo mundo tem direito à ampla defesa, apresentar sua versão dos fatos. Ocorre que, no caso do Braga Netto, já são muitos elementos, muitos fatos, muitas provas reunidas e hoje foram colocadas em público, fora do segredo de Justiça, e que, portanto, mostram para a gente muito claramente que ele tinha uma atuação ali, de fato, nesse complô golpista. Não há mais dúvida de que o Braga Netto estava no centro dessa tema contra a democracia brasileira. Claro que a defesa dele vai querer questionar alguns pontos, ele tem direito de negar tudo como vem negando até agora, mas os fatos são incontornáveis. Muita prova contra ele, muita prova de que ele agiu, inclusive, em deslealdade com os próprios colegas de farda. E isso explica para a gente por que hoje não há uma reação exaltada dos militares contra essa prisão, porque ele hoje é visto na caserna como um traidor.”
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