Biólogos marinhos transferiram um par de baleias beluga da cidade ucraniana de Kharkiv para a cidade de Valência, no leste da Espanha. Os pesquisadores descreveram o resgate como uma longa e arriscada operação de internacional, visto que Kharkiv é alvo de bombardeios diários das forças russas.
Os animais, Plombir, macho de 15 anos e Miranda de 14 anos, chegaram ao complexo Oceanográfico de Valência na quarta-feira (19), pouco depois da meia-noite, em estado de saúde frágil, segundo comunicado do oceanário espanhol.
A longa viagem em frágeis caixas de madeira foi uma das principais preocupações da equipe que transportou os animais.
“Se essas caixas não forem suficientemente resistentes para aguentar a viagem de caminhão e avião, podem ocorrer vazamentos que podem deixar os animais secos e até provocar um acidente aéreo, porque essas caixas comportam quatro ou cinco metros cúbicos de água”, disse Daniel Garcia Parraga, diretor de operações zoológicas da Oceanográfica de Valencia.
A transferência começou com uma viagem de 12 horas de Kharkiv até a cidade portuária de Odesa. Na cidade, os tratadores ucranianos das belugas se reuniram com uma equipe de veterinários do Oceanográfico, bem como do Aquário da Geórgia em Atlanta e dos parques temáticos SeaWorld.
Após um rápido check-up, retomaram a viagem até à fronteira com a Moldávia, que atravessaram com a ajuda do Organismo Antifraude da União Europeia. Por fim, os animais embarcaram em um voo de cinco horas para Valência.
Garcia Parraga, o diretor do oceanário espanhol, disse que a condição das baleias era “aquém do ideal para realizar este tipo de viagem, mas se tivessem continuado em Kharkiv, as previsões de sobrevivência teriam sido muito reduzidas”.
O aquário de Kharkiv ficava a apenas 800 metros de um local que era frequentemente bombardeado e as ondas de choque causaram forte estresse em animais com audição tão sensível.
A falta de eletricidade devido à destruição pelas forças russas das centrais energéticas da cidade ucraniana provocou que as baleias vivessem a uma temperatura de 26ºC, o que é significativamente quente para um animal do Ártico.
Mas Garcia Parraga disse que as belugas estavam em muito melhor forma do que os veterinários inicialmente esperavam e estavam se adaptando bem ao seu novo lar.
O macho já estava comendo – o que naquela espécie é incomum logo após o transporte – mas a fêmea ainda não havia experimentado a primeira mordida, acrescentou.
O Oceanográfico espanhol é o maior aquário da Europa e o único que abriga baleias beluga.
Os mamíferos de cor branca vivem em águas frias nas regiões árticas e subárticas. Os machos podem atingir até 5,5 metros de comprimento e pesar até 1,6 toneladas.