O governo federal estuda como se posicionar a respeito da PEC que pretende por fim à escala de trabalho de seis dias trabalhos para um de folga. Envolto nas disputas internas do pacote de corte de gastos, o Palácio do Planalto tem apenas monitorado as discussões nas redes sociais. Interlocutores do presidente Lula afirmam que ele apoia a iniciativa, e está acompanhando o tema.
A autora do projeto, deputada Erika Hilton, afirmou nesta terça-feira que a proposta já conta com 216 assinaturas. Ela se reuniu com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e agora aguarda o empenho do governo em relação à proposta.
Hilton quer reunir mais de 300 assinaturas, incluindo apoio de bancadas como União Brasil e PSD. A discussão no Congresso, porém, não deverá ser breve, e a expectativa é que uma comissão especial seja criada para discutir o tema somente no ano que vem.
Nesta quarta-feira, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo federal, Paulo Pimenta, se manifestou a favor da PEC que pretende acabar com a escala de trabalho 6×1. Ele afirmou que quem é favorável à classe trabalhadora é favorável à proposta. Mas sinalizou que a discussão cabe ao Congresso.
Já o deputado Reginaldo Lopes, que tem proposta semelhante tramitando no Congresso, fala em um processo longo até chegar à aprovação da PEC, que deverá ser agregada a projetos semelhantes. O petista chegou a propor um período de transição para a redução das 44h semanais para 36h de jornada. Ele estima que esse seria o caminho para aprovar a medida.
Por outro lado, o setor empresarial critica o texto da PEC e fala em geração de desemprego. O presidente da Associação de Supermercados, João Galassi, chegou a sugerir aos parlamentares de um grupo de que reúne frentes ligadas a setores empresariais que a folha de pagamentos seja desonerada em troca do custo adicional de eventual contratação de mais funcionários – caso a matéria vá para frente. Galassi falou em custo adicional de até 30% com a redução de jornada de trabalho.
Nos bastidores, parlamentares alegam que alguns colegas deram assinatura por conta da pressão nas redes sociais. O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) criticou o texto da deputada Érika Hilton, e disse acreditar que se chegar ao plenário, proposta não passa.
Uma petição online já reúne mais 2,8 milhões de assinaturas pelo fim da jornada de trabalho 6×1. Encabeçada pelo Movimento Vida Além do Trabalho, o tema ganhou tração depois que o influencer Rick Azevedo gravou uma série de vídeos sobre o tema.