O anúncio do ministro chefe da Casa Civil Rui Costa de que o governo pretende reduzir impostos de importação como uma tentativa de baixar os preços dos alimentos no Brasil é vista com desconfiança por economistas que avaliam a medida como pouco eficaz no controle da inflação, e de caráter eleitoral.
Na sexta-feira, Rui Costa, alegou que, se a alíquota for reduzida, a consequência será um aumento da oferta e então queda nos preços. Mas o professor de Mercado Financeiro da Universidade de Brasília, Cesar Bergo, pondera que, o anúncio do governo dificilmente resultará em alimentos mais baratos para o consumidor.
“É uma medida de impacto, eu acho até que beirando mais a questão eleitoral, do que efetivamente vai ocasionar alguma redução de preço no mercado interno. É interessante. Sobretudo, eles focaram nos produtos de cesta básica. E o que eu vejo é que a questão do alimento é muito decorrência de questões que extrapolam a questão do governo. É ligado à questão hídrica, do clima, e que a tendência dos alimentos era melhorar agora, sobretudo com a promessa de uma safra melhor nesse ano de 2025.”
A colheita de uma safra melhor em 2025 é a grande aposta do governo, que descartou a possibilidade de subsídio aos produtores e a criação de uma rede popular de abastecimento de alimentos, que funcionaria como a Farmácia Popular.
Especialistas têm afirmado que outras medidas podem ser mais eficazes neste momento, para lidar com a questão dos preços. A principal, seria a retomada dos estoques públicos de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab. O economista Roberto Piscitelli, destaca que a medida serviria para combater especulações e retenções de estoques por produtores.
“O estoque regulador funcionaria muito bem como uma forma de regularização do fornecimento desses produtos, e manutenção de preços de acordo com as compras que o Governo tivesse efetuado em anos anteriores. Então, ele soltaria esses estoques, na medida do possível e necessário, assegurando um preço que fosse razoável, combatendo, com isso, indiretamente, as especulações ou aumento de preço e eventualmente até a retenção de estoques pelos produtores e distribuidores.”
Dados da Conab mostram que desde 2016, há uma queda no volume dos estoques públicos. Os últimos levantamentos divulgados apontam que, em dezembro do ano passado, apenas 416 toneladas de arroz estavam armazenadas. Em 2014, o total era de 351 mil. O estoque de milho atual é de 229 mil toneladas. Mas há 10 anos, era de mais de 1 milhão e 600 mil. Já o estoque de café está zerado. Em 2014, havia 97 mil toneladas armazenadas.