Mais de mil pessoas já foram presas durante os protestos pró-Palestina nas universidades dos Estados Unidos. Esses dados foram compilados desde o dia 18 de abril, data que marca o início das manifestações.
As prisões aconteceram em cerca de 25 universidades espalhadas por 21 estados americanos. Outras instituições de ensino também enfrentaram protestos, mas sem registros de detenções.
As manifestações representam um dilema para o presidente Joe Biden. De um lado, se ele adotar uma postura mais dura contra Israel, corre o risco de perder o voto moderado, crucial para sua campanha à reeleição. Por outro lado, uma abordagem branda pode afastar o eleitorado mais à esquerda, que tende a apoiar a causa palestina.
Lourival Sant’Anna, analista de internacional da CNN, avalia que Biden se encontra em uma situação complexa. “Se ele é mais duro ainda com Israel, ele perde o voto moderado, que é aquele voto em que, por definição, ele precisa conquistar. É esse voto que ele disputa com Donald Trump”, explicou.
“Por outro lado, se Biden não é duro o suficiente com Israel, perde esse voto de esquerda, que não é um voto que vai ser deslocado para Donald Trump, é um voto que deixa de acontecer, deixa de haver o voto e esse voto faz falta para o Joe Biden”, acrescentou Lourival Sant’Anna.
A retórica republicana também tem sido dura em relação aos protestos. O líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, chegou a comparar os manifestantes a “estudantes nazistas”, em uma tentativa de capitalizar politicamente a questão contra o governo Biden.
Entenda os protestos
Os protestos cresceram depois que um acampamento no campus da Universidade Columbia, na cidade de Nova York, registrou a prisão de mais de 100 manifestantes em 18 de abril.
As exigências dos manifestantes variam de campus para campus, mas o foco principal é que as universidades se desfaçam de empresas com laços financeiros com Israel, que está em guerra com o Hamas.