O analista sênior de Internacional da CNN, Américo Martins, avalia que a França deve continuar se manifestando contra o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, mesmo após o anúncio histórico feito nesta sexta-feira (6). Segundo Martins, embora o país europeu provavelmente não consiga reunir votos suficientes para bloquear o acordo, ele continuará “esperneando” e tentando boicotá-lo.
O especialista destaca que, enquanto Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, fazia um discurso positivo sobre o acordo, o ministro do Comércio da França já se pronunciava contra, afirmando que o país não iria aderir e que estava trabalhando com a Itália para tentar derrubá-lo.
Motivos da oposição francesa
Martins aponta dois principais motivos para a resistência da França:
1. O protecionismo dos agricultores franceses, que temem não conseguir competir com o agronegócio do Mercosul, especialmente o brasileiro.
2. A preocupação do presidente Emmanuel Macron com sua popularidade interna, temendo que o acordo possa fortalecer a ultradireita francesa, que é próxima dos agricultores.
Apesar da oposição francesa, o analista ressalta a importância do acordo para o livre comércio e o multilateralismo. Ele considera uma vitória para o Mercosul, para parte da União Europeia e para a diplomacia brasileira, destacando o papel do presidente Lula na retomada das negociações.
Próximos passos
Para ser implementado, o acordo ainda precisa ser aprovado pelo Conselho Europeu, onde todos os 27 países da UE têm direito a voto, e pelo Parlamento Europeu. Martins acredita que, mesmo com a França votando contra, o país não deve conseguir o apoio de 35% da população da UE necessário para bloquear o acordo.
O analista conclui que, apesar dos obstáculos, a perspectiva é positiva, e o acordo pode ser implementado nos próximos meses ou em até um ano, trazendo benefícios tanto para o Mercosul quanto para muitos países da União Europeia.
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