O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, estão preparados para trabalhar com os grupos rebeldes sírios que depuseram o presidente Bashar al-Assad, sob certas condições, afirmou uma declaração do governo alemão após um telefonema entre os dois líderes.
Os governantes das duas maiores potências da União Europeia saudaram a saída de Assad que, segundos eles, causou “terrível sofrimento ao povo sírio e grande dano ao próprio país”.
O líder sírio fugiu de Damasco para Moscou no domingo (8), encerrando mais de meio século do regime de sua família.
“[Scholz e Macron] concordaram que estavam preparados para trabalhar em conjunto com os novos governantes, com base nos direitos humanos fundamentais e na proteção de minorias étnicas e religiosas”, segundo a declaração do governo alemão publicada na noite de segunda-feira (9).
O comunicado veio enquanto governos em todo o mundo estão se esforçando para forjar novos vínculos com o principal grupo rebelde da Síria, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo anteriormente aliado a Al Qaeda e designado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Turquia e ONU.
Os dois líderes concordaram em trabalhar juntos para fortalecer o envolvimento da UE na Síria, incluindo o apoio a um processo político inclusivo no país, e discutiriam o caminho a seguir em estreita coordenação com parceiros no Oriente Médio, afirmou a declaração.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.