Após dias de conflito, rebeldes sírios depuseram o regime de Bashar al-Assad neste domingo (8). Assad, que chegou ao posto de presidente depois da morte de seu pai, Hafez al-Assad, em 2000, deixou o país antes que as tropas rebeldes avançassem sobre a capital Damasco.
A queda do chefe do Estado simboliza o fim da dinastia familiar autocrática sobre a Síria. Os Assad mantiveram-se no poder por mais de 50 anos.
Assad é conhecido por um governo brutal sobre a Síria, atingida desde 2011 por uma guerra civil que devastou o país e o transformou em um terreno fértil para o grupo extremista Estado Islâmico.
Ao mesmo tempo, desencadeou uma guerra que gerou uma crise de refugiados que viu milhões de pessoas deslocadas de suas casas.
Grupo familiar
Assad assumiu o poder em uma eleição sem oposição em 2000 após a morte do pai, Hafez al-Assad, que saiu da pobreza para liderar o Partido Baath e tomou o poder em 1970, tornando-se presidente do país no ano seguinte.
Como o filho que o sucedeu, Hafez al-Assad tolerou pouca dissidência com opressão generalizada e surtos periódicos de extrema violência estatal.
Como um segundo filho não preparado para assumir o manto do pai, Assad estudou oftalmologia em Londres até que seu irmão mais velho, Bassel, que havia sido preparado para suceder Hafez, morreu em um acidente de carro em 1994.
Bashar al-Assad foi então lançado aos holofotes nacionais e estudou ciência militar, tornando-se mais tarde coronel do exército sírio.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.