O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, atribuiu a alta da inflação ao crescimento forte da atividade econômica, à desvalorização do real frente ao dólar e aos extremos climáticos.
A análise foi feita em uma carta aberta endereçada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que preside o Conselho Monetário Nacional, explicando o estouro do teto da meta de inflação oficial do país em 2024. Esse é um procedimento de praxe: toda vez que a meta é estourada, o BC tem que apresentar justificativas ao Conselho Monetário Nacional. Clique e leia na íntegra.
Galípolo cita, por exemplo, o efeito das mudanças climáticas na produção de alimentos e outros setores produtivos que ficaram comprometidos em razão de secas e chuvas extremas. Esses fatores afetaram o resultado do IPCA, que registrou alta de 4,83%, ultrapassando o limite do teto de 4,5% estabelecido pelo CMN.
Esse estouro repercutiu no meio político. A oposição no Congresso criticou o governo e culpou a falta de compromisso fiscal pela inflação mais acelerada. O deputado Alberto Fraga (PL-DF), bate na tecla da necessidade de ajustes nas despesas.
“As medidas adotadas ainda precisam ser mais ‘engordecidas’, precisam ser ainda mais austeras, né? Eles têm que cortar gastos, não tem como. A conta do governo não fecha. Eles estão sempre procurando um buraco para poder cobrir. É cobrir um santo descobrindo outro”
Já a base do governo minimiza o estouro. O deputado Alencar Santana, do PT de São Paulo, disse que não há motivo para desespero.
“Primeiro ponto é destacar que não devemos alardear pessimismo e qualquer preocupação mais grave. A meta foi descumprida em casas decimais, um índice muito pequeno acima daquilo que foi previsto. Se a gente analisar, os demais índices econômicos do governo estão muito positivos. Geração de emprego, crescimento… todos os dados apontam uma política econômica que já está tendo e terá mais êxito adiante. Importante também destacar que, hoje também, uma das principais consultorias do mundo fez a análise extremamente positiva sobre o país para 2025”
Por outro lado, há integrantes da base que nos bastidores classificam este como um dos problemas mais graves que o governo precisa resolver.