O motorista da carreta apontado como o responsável por causar o acidente que resultou na morte de 41 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, foi flagrado trafegando em zigue-zague e invadindo a contramão, minutos antes de colidir contra um ônibus de viagem e um carro de passeio.
De acordo com Bruno da Silva Ribeiro, o irmão dele, Weberton, trabalhava há pouco mais de um mês como motorista na empresa de ônibus Emtram e foi chamado no dia da viagem para cobrir um colega. A família é de Caratinga, no Vale do Rio Doce, e relata que não recebeu nenhum suporte da empresa de ônibus.
“Um amigo do rapaz que trouxe a gente aqui falou que passou pouco antes do acidente acontecer e tinha um carreteiro fazendo zigue-zague na pista, cortava um, voltava, cortava outro e, momentos depois, escutou o barulho do acidente. Fiquei sabendo do acidente através de reportagem de terceiros de onde eu moro, porque a empresa própria mesmo não prestou nenhum apoio até agora. Ficou de vir aqui no IML e não apareceu representante nenhum. A gora nós queremos justiça, porque se o motorista percebeu alguma coisa de errado no caminhão, a obrigação era dele de ter parado, mas a imprudência dele foi maior.”
O aposentado Alison Alves Dias, também era um dos parentes de vítimas que aguardava orientações no Instituto Médico Legal de Belo Horizonte. Ele viajou de São Paulo para reconhecer o corpo do irmão Tiburtino Ribeiro Dias, de 60 anos, que ia sozinho à Bahia para acompanhar as obras de uma casa que contruía. Segundo Alison, o irmão pretendia retornar a seu estado natal, pois havia acabado de se aposentar. Ele também criticou a falta de amparo às famílias afetadas.
“Eu acho que a empresa deveria prestar um pouco de atenção para as vítimas, orientar que tem muita gente que tá perdido não tem orientação nenhuma. Não tem ninguém dando apoio nenhum. Eu acho que eles deveriam dar um apoio melhor. Nós não estamos com interesse de ganhar nada, o que a gente queria era que liberassem, que nem prometeram que ia liberar às 7 horas, para a gente seguir nossa viagem.”
O ônibus tinha como destino final a cidade de cidade baiana de Elísio Medrado, a cerca de 230 km de Salvador.
Na cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, era previsto que desembarcariam ao menos 21 passageiros. Os outras desceriam em cinco cidades também baianas: Jequié, Iramaia, Maracás, Itaeté e Poções.
O condutor da carreta está foragido. De acordo com a polícia, notas fiscais apontaram que havia excesso de peso no veículo, que transportava granito. Além disso, ele estava com o direito de dirgir suspenso, após se recusar a soprar o bafômetro em uma blitz, em 2022.
Conforme a empresa, o ônibus, que fazia a linha São Paulo x Elísio Medrado, estava com sua revisão em dia e pneus novos, além de possuir sistema de monitoramento. Disse ainda que colabora com as investigações e disponibilizou um telefone só para familiares das vítimas. O número é o DDD 11 – 9 9995-2527.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, manifestou solidariedade às famílias das vítimas. Ele informou estar “atento às ações que estão sendo disponibilizadas por órgãos estaduais”, em apoio ao estado mineiro e se comprometeu a ajudar traslados de vítimas para cidades da Bahia.