Israel ordenou neste domingo (22) o fechamento e a ordem de retira de um dos últimos hospitais que ainda funcionava parcialmente em uma área sitiada no extremo norte da Faixa de Gaza, forçando os médicos a procurarem uma maneira de levar centenas de pacientes e funcionários para um local seguro.
O chefe do hospital Kamal Adwan em Beit Lahiya, Husam Abu Safiya, disse à Reuters por mensagem de texto que obedecer à ordem de fechamento era “quase impossível”, porque não havia ambulâncias suficientes para retirada dos pacientes.
“Atualmente, temos quase 400 civis dentro do hospital, incluindo bebês na unidade neonatal, cujas vidas dependem de oxigênio e incubadoras. Não podemos retirar esses pacientes com segurança sem assistência, equipamentos e tempo”, disse Abu Safiya.
“Estamos enviando essa mensagem sob bombardeio pesado e com alvo direto nos tanques de combustível, que, se atingidos, causarão uma grande explosão e mortes em massa dos civis que estão lá dentro”, disse.
Os militares israelenses não responderam a uma solicitação de comentário em cima das observações de Abu Safiya.
Na sexta-feira, o governo israelense disse que enviou suprimentos de combustível e alimentos para o hospital e ajudou a retirar mais de 100 pacientes e profissionais de saúde para outros hospitais de Gaza, alguns em coordenação com a Cruz Vermelha, para sua própria segurança.
O hospital é um dos únicos que ainda funciona parcialmente no outrora densamente povoado extremo norte de Gaza, uma área sob intensa pressão militar israelense por quase três meses, em uma das operações mais punitivas da guerra, que já dura 14 meses.
Abu Safiya disse que os militares ordenaram que os pacientes e a equipe de funcionários fossem transferidos para outro hospital, onde as condições são ainda piores.
Fotos de dentro da unidade mostraram pacientes em camas amontoadas em corredores para mantê-los longe das janelas. A Reuters não conseguiu verificar imediatamente essas imagens.
Entenda os conflitos envolvendo Israel
No final de novembro, foi aprovado um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Isso acontece após meses de bombardeios do Exército israelense no Líbano.
A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra. Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês.
Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel.
A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.
Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.
Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.
Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.
Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.