O governo Biden teme que um Irã enfraquecido possa desenvolver uma arma nuclear, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, neste domingo, acrescentando que informou a equipe do presidente eleito Donald Trump sobre o risco.
O Irã sofreu perdas em sua influência regional após os ataques de Israel a seus aliados, o Hamas palestino e o Hezbollah no Líbano, seguidos pela queda do presidente sírio Bashar al-Assad, que era alinhado ao Irã.
Os ataques israelenses às instalações iranianas, incluindo fábricas de mísseis e defesas aéreas, reduziram a capacidade militar convencional de Teerã, disse Sullivan à CNN.
“Não é de se admirar que haja vozes (no Irã) dizendo: ‘Ei, talvez precisemos comprar uma arma nuclear agora mesmo… Talvez tenhamos que rever nossa doutrina nuclear’”, disse Sullivan.
O Irã diz que seu programa nuclear é pacífico, mas expandiu o enriquecimento de urânio desde que Trump, em seu mandato presidencial de 2017 a 2021, anunciou a saída do acordo entre Teerã e as potências mundiais que impôs restrições à atividade nuclear do Irã em troca de alívio das sanções.
Sullivan disse que há o risco de o Irã abandonar sua promessa de não desenvolver armas nucleares.
“É um risco sobre o qual estamos tentando nos manter vigilantes agora. É um risco sobre o qual estou informando pessoalmente a nova equipe”, disse Sullivan, acrescentando que também consultou Israel.
Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, pode voltar à sua política linha-dura em relação ao Irã, aumentando as sanções contra a indústria petrolífera iraniana.
Entenda os conflitos envolvendo Israel
No final de novembro, foi aprovado um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Isso acontece após meses de bombardeios do Exército israelense no Líbano.
A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra. Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês.
Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel.
A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.
Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.
Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.
Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.
Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.