Os médicos militares ucranianos que tratam soldados feridos perto das linhas de frente no leste, uma área fortemente contestada, afirmam que os avanços russos estão prejudicando o moral das tropas.
As forças de Moscou estão avançando no ritmo mais rápido desde 2022, capturando aldeia após aldeia na região industrial do Donbas, enquanto ambos os lados disputam a região antes das esperadas negociações de paz no próximo ano.
Para Khrystyna Siomova, uma enfermeira que se juntou ao exército ucraniano no primeiro dia da invasão russa em fevereiro de 2022, o terceiro inverno de guerra apresenta desafios assustadores, mas não insuperáveis.
“Todos entendemos claramente que perder uma batalha não significa perder a guerra”, disse Siomova, de 31 anos, em uma estação médica da 5ª Brigada de Assalto Separada a oeste de Chasiv Yar, um dos vários pontos quentes ao longo de mais de 1.000 km de linha de frente.
Oficiais ucranianos estão pedindo aos parceiros ocidentais de Kiev que ajudem a fortalecer a posição da Ucrânia, fornecendo mais armas e defesas aéreas, antes de qualquer negociação para encerrar a invasão russa, que já dura quase três anos.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que assumirá o cargo no próximo mês e criticou a ajuda dos EUA à Ucrânia, prometeu buscar um fim rápido para a guerra, sem especificar como.
No entanto, prejudicada por escassez de pessoal, Kiev está em desvantagem em vários setores da frente leste, onde os soldados descreveram ataques russos implacáveis.
As forças de Moscou estão agora a apenas três km da estratégica cidade de Pokrovsk, um centro rodoviário e ferroviário cuja captura prejudicaria severamente as linhas de suprimento da Ucrânia.
A cerca de 40 km ao sul, os russos invadiram a cidade de Kurakhove e estão ameaçando cercar uma ampla área ao redor dela, de acordo com o DeepState, um grupo ucraniano que mapeia os combates usando fontes abertas.
Moscou também intensificou os ataques às forças ucranianas que lutam para manter um enclave na região russa de Kursk, disse o comandante-chefe do exército ucraniano na terça-feira (17).
Oficiais em Kiev e capitais ocidentais consideram a região uma chave potencial para futuras negociações da Ucrânia.
Enquanto isso, longe das trincheiras, Moscou está conduzindo uma campanha de ataques aéreos à infraestrutura crítica, o que está prejudicando a frágil rede de energia da Ucrânia à medida que o inverno se instala.
O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que deseja alcançar a paz por meios diplomáticos no próximo ano, mas apenas se a Ucrânia for reforçada por garantias de segurança que impeçam novos ataques russos.
Embora as baixas tenham aumentado de ambos os lados, a Ucrânia afirma estar menos disposta que a Rússia a sacrificar vidas de soldados.
Zelensky disse este mês que cerca de 43 mil soldados ucranianos foram mortos na guerra em larga escala, embora as estimativas ocidentais sejam maiores, e significativamente mais altas ainda para a Rússia.
A enfermeira Siomova, da 5ª Brigada, disse que o peso dessas perdas é, em parte, o que mantém seus companheiros de armas motivados.
“Cada passo que damos não é apenas nosso, mas um passo coletivo com aqueles que perdemos.”