A prisão preventiva do general Braga Netto foi mantida após decisão na audiência de custódia neste sábado (14). Braga Netto está preso na Vila Militar no Rio de Janeiro e participou por videoconferência. A audiência de custódia foi presidida pelo juiz e instrutor do gabinete do ministro do STF Alexandre de Moraes e também contou com a participação do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.
Na audiência, a Justiça verificou a legalidade da prisão e avaliou que os policiais federais cumpriram todos os protocolos necessários para a prisão e que a conduta foi adotada de forma correta.
Prisão de Braga Netto
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirma, na decisão que autorizou a prisão do general Walter Braga Netto, que as investigações revelam “gravíssima participação” de Braga Netto que assumiu um “verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento” dos atos golpistas. Moraes cita indícios de que o general “atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações” e destaca “extrema periculosidade” com a “existência de gravíssimos crimes e indício suficientes de autoria”. O general foi preso na manhã deste sábado, no apartamento dele, no Rio de Janeiro, depois de ter retornado de uma viagem que fez com a família à Alagoas. O motivo da prisão é o fato dele tentar atrapalhar as investigações e agir para ter acesso a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O ex-assessor dele, o coronel da reserva Flávio Peregrino, foi alvo de busca e apreensão em Brasília.
No pedido de prisão feito ao STF, a Polícia Federal citou trechos de um novo depoimento de Mauro Cid, em novembro, em que ele revela que Braga Netto entregou dinheiro em sacolas de vinho a militares das Forças Especiais do Exército, o chamado “kids pretos”. A negociação envolvia o pagamento de R$ 100 mil para financiar o deslocamento de apoiadores de Bolsonaro a Brasília. À PF, Cid disse que o dinheiro “foi obtido junto ao pessoal do agronegócio”.
A Polícia Federal ainda identificou que Braga Netto tentou ter acesso à delação de Mauro Cid em contato com o pai dele, o também general Mauro Lourena Cid. Investigadores encontraram intensas trocas de mensagens e telefonemas de Braga Netto com o pai de Cid. Em uma busca feita na sede do PL, a PF também encontrou, na mesa de um dos assessores de Braga Neto, um documento que descreve possíveis “perguntas e respostas” feitas no acordo de delação de Cid, o que, para os investigadores, mostra que o grupo teria tentado ter acesso às informações.
Braga Netto é o primeiro general quatro estrelas preso na história do país. Ele, agora, vai ficar em uma unidade militar no RJ. Moraes ainda autorizou o “acesso imediato” ao conteúdo armazenado nas “nuvens” de Braga Netto e de Peregrino. A defesa de Braga Netto disse que o general “nunca tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém” e “sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais”.
Em nota, o Exército disse que acompanhou a operação e que colabora com as investigações. O vice-presidente de Bolsonaro, o hoje senador Hamilton Mourão, afirmou nas redes sociais que o Braga Netto “não representa nenhum risco para a ordem pública” e chamou a prisão de “atropelo das normas legais”.