Áudios da investigação da quadrilha envolvida em roubos de carga chefiada por Fernandinho Beira-Mar revelam negociações do grupo.
Os arquivos, obtidos pela TV Globo, mostram um criminoso, conhecido como ‘Maloca’, dando autorização para um roubo de carga. Na sequência, outro envolvido fala que Beira-Mar estaria protegendo Maloca, mas que ele estaria vulnerável.
‘Fala pra ele que é pra nós. Fala pra ele que é pra mim. É o Maloca, zé meu parceiro, 78 mil a nota só a carne. Pegou a visão, pai? Não tô nem mais na boca, não tô nem mais roubando carga. Carro mandado pra mim, tu vai mandar pra mim? Não, não. Tu tá pelo Beira-Mar mesmo. Qual foi da tua Acontece o pior. Aí o pau quebra, lá vai eu pra Bangu.’
As informações fazem parte de uma investigação da Polícia Civil e o Ministério Público do Rio que prenderam duas pessoas e cumpriram 28 mandados de busca e apreensão nesta terça contra a quadrilha.
Segundo as apurações, o grupo causou um prejuízo de R$ 4 milhões. O principal alvo da ação era Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”, que está preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.
O Ministério Público afirma que, mesmo detido há décadas, Beira-Mar ainda é um dos principais chefes nas Comunidades Parque das Missões e Jardim Ana Clara, em Duque de Caxias, controlando traficantes desta região. Ele teve a visita de parentes suspensas porque, segundo os investigadores, era através de familiares que ele passava ordens e recebia informações sobre os crimes que aconteciam na Baixada Fluminense.
A ação faz parte da segunda-fase da Operação Torniquete, que tem como objetivo reprimir roubos, furtos e receptação de cargas e de veículos. Os alvos foram denunciados por associação para o tráfico de drogas.
As investigações mostram que integrantes do Comando Vermelho, aliados a criminosos que roubam cargas, foram responsáveis por cometer dezenas de roubos em vias expressas.
A polícia conseguiu identificar a estrutura hierárquica do bando: os criminosos utilizavam armamento e bloqueadores de sinal fornecidos pela facção, em troca, 50% da renda dos roubos eram repassados à organização criminosa.
A polícia investiga, agora, quem repassou informações privilegiadas para os suspeitos, que agem, principalmente, em rodovias que cortam a Baixada.