As voltas que a vida dá. Bolsonarista raiz até o ano passado, convertido em aliado fundamental para vitória de Eduardo Paes (PSD) na eleição para prefeito do Rio, o deputado federal Otoni de Paula (MDB) está entre se tornar secretário municipal e aguardar, em Brasília, para virar ministro do governo Lula em uma eventual reforma ministerial.
O prefeito ofereceu a ele uma nova secretaria, a de Cidadania, Família e Prosperidade. Otoni avalia indicar o filho para o posto e ficar em Brasília, onde disputa o comando da poderosa e influente Frente Parlamentar Evangélica. E lá, com ascendência sobre um grupo grande de parlamentares, aguardar a minirreforma ministerial prometida pelo presidente Lula: Otoni é cotado para se tornar ministro da Família.
Otoni é tido por aliados de Paes como uma figura central para reeleição do prefeito, pelo diálogo com os evangélicos estabelecido na campanha. Ele, autor de fake news contra o atual prefeito na eleição de 2020, virou uma vacina a favor do alcaide nos segmentos mais conservadores. Neste ano, ele ganhou ainda mais o coração dos aliados de Paes, que citam, por exemplo, falas em que ele condena a associação imediata de evangélicos ao voto em Bolsonaro e suas críticas à atuação do ex-presidente na condução dos protestos golpistas de 2022.
Chances de Washington Reis para 2026
O senador Flávio Bolsonaro (PL) escolheu o secretário de transportes, Washington Reis (MDB), como seu nome favorito nas tratativas para a disputa pelo governo do Rio em 2026. O assunto surgiu durante um evento comandado pelo presidente do PL do Rio, na semana passada, e chegou aos ouvidos de outros postulantes ao cargo.
É um caminho árduo, pois Washington está inelegível, por decisão da Justiça Eleitoral. Um recurso dele contra a inelegibilidade está no Supremo Tribunal Federal. Além disso, falta unidade do MDB: o partido tem compromisso de lançar o vice-governador Thiago Pampolha ao governo… dependendo de algumas condições. A principal é ele assumir o cargo, no caso de uma saída de Castro do governo para disputar o Senado – possibilidade que o governador considera depois do aval para uma dobradinha com Flávio Bolsonaro na disputa pelo cargo.
Enquanto isso, a relação do governador e do vice, que já foi muito ruim, tem melhorado cada vez mais.