A defesa do tenente-coronel Rodrigo Azevedo, preso na Operação Contragolpe, afirmou que há evidências de que o militar foi vítima de uma armação para incriminá-lo e comprometer as Forças Especiais.
Na manhã desta sexta-feira (29), durante uma coletiva de imprensa no Centro do Rio, o advogado Jeffrey Chiquini destacou que as ações atribuídas aos supostos envolvidos são marcadas por amadorismo, algo que ele considera incompatível com a qualificação e o profissionalismo das Forças Especiais.
A Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal em 19 de novembro de 2024, investiga uma suposta trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além de planejar o assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
O advogado afirmou que o celular, apontado como prova central pela investigação, foi plantado de forma proposital e entregue ao coronel no dia em que ele assumiu o comando do Centro de Coordenação de Operações Especiais. Segundo ele, o aparelho foi utilizado pelo militar com um chip pré-pago cadastrado em seu nome, o que demonstraria boa-fé por parte de Azevedo. Ele afirmou que o coronel não tinha ciência do histórico anterior do dispositivo e reforçou que o uso de celulares descartáveis é comum em operações militares.
De acordo com as investigações, os suspeitos utilizavam codinomes em grupos de mensagens para ocultar suas identidades, sendo “Brasil” um dos identificados. Chiquini negou qualquer vínculo de Azevedo com o codinome “Brasil” ou com planos de golpe e disse que há registros de GPS que comprovam que o coronel estava em Goiânia enquanto o celular foi ativado em Brasília. Sobre mensagens atribuídas ao coronel em grupos de militares, Chiquini explicou que elas refletem descontentamento com transferências de oficiais no final do ano, sem qualquer relação com ações golpistas.
O advogado disse ainda que o coronel respondeu a perguntas da Polícia Federal sobre possíveis suspeitos, fornecendo linhas de investigação sem citar nomes. Ele classificou a prisão como grave e disse que Azevedo está isolado, sem acesso a informações externas. A defesa espera que a investigação comprove que o coronel não teve qualquer envolvimento com as acusações e quer saber quem plantou o aparelho e por quê.
Jeffrey Chiquini ressaltou ainda que o coronel está preso há 10 dias em uma cela monitorada por câmeras que captam áudio, sem acesso a informações externas ou detalhes atualizados sobre o andamento das investigações.
Ele afirmou que os militares do quartel onde Azevedo está detido são proibidos de conversar com ele e que até mesmo o advogado foi escoltado ao se dirigir ao cliente.
Ele criticou as condições de isolamento e ressaltou que o coronel desconhece os depoimentos de outros investigados ou qualquer nova acusação apresentada. Para ele, a situação é grave e demonstra uma tentativa de deslegitimar o oficial.