Rebeldes sírios lançaram um ataque em larga escala contra as forças do regime no oeste da cidade de Aleppo, de acordo com uma fonte do Exército Livre da Síria e moradores locais.
Os disparos marcam o primeiro grande conflito em anos entre ambos os lados.
Facções da oposição anunciaram a ofensiva na quarta-feira (27) em seu canal do Telegram, chamando-a de “Dissuasão da Agressão” e alegando que era uma resposta aos recentes bombardeios de artilharia do regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
Rebeldes tomaram 13 vilas, incluindo as cidades estratégicas de Urm Al-Sughra e Anjara, bem como a Base 46, a maior base do regime sírio na região, de acordo com uma declaração de facções da oposição.
O comunicado acrescenta que 37 pessoas das forças do regime e da milícia aliada foram mortas na ofensiva.
A CNN não conseguiu verificar de forma independente os números de vítimas relatados e entrou em contato com o governo sírio para comentar.
O ataque surpresa de quarta-feira marca a primeira conflagração significativa entre rebeldes sírios e o regime desde março de 2020, quando a Rússia e a Turquia mediaram um acordo de cessar-fogo no país.
O Comando de Operações Militares dos rebeldes sírios disse à CNN que seus combatentes libertaram a cidade de Urm Al-Kubra, a cerca de 20 quilômetros de Aleppo, após o que descreveu como “intensas batalhas com as forças de Assad e milícias iranianas”.
Seu porta-voz, Hassan Abdulghani, disse mais tarde que o grupo havia “realizado um ataque de precisão contra um helicóptero no Aeroporto Al-Nayrab”, a leste da cidade.
Vídeos circulando nas redes sociais, que a CNN não conseguiu verificar, mostraram fumaça subindo do interior do oeste de Aleppo. Tropas rebeldes também operam em várias vilas perto do local. Em um vídeo, um combatente é visto rezando e celebrando na vila de Anjara, que dizem ser sua cidade natal. “Anjara é nossa, não da família Assad”, o cinegrafista é ouvido dizendo.
A mídia estatal síria não noticiou os confrontos, enquanto alguns veículos pró-regime mencionaram os conflitos sem fornecer detalhes sobre locais ou resultados.
Um morador de um bairro controlado pelo regime na cidade de Aleppo disse à CNN que civis no bairro de Nova Aleppo, um dos mais ricos da Síria, começaram a fugir para outras áreas devido ao medo dos confrontos em andamento.
As facções da oposição que conduzem a ofensiva inclui desde grupos islâmicos até o moderado Exército Livre da Síria, que anteriormente era apoiado pelos EUA e pela Turquia.
Guerra civil
A guerra civil na Síria começou durante a Primavera Árabe de 2011, quando o regime reprimiu uma revolta pró-democracia contra Assad, que era presidente desde 2000. O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Livre da Síria, para combater as tropas do governo.
O conflito aumentou à medida que outros atores regionais e potências mundiais – da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia – se juntaram, intensificando a guerra civil para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
O Estado Islâmico também conseguiu ganhar uma posição no país antes de sofrer golpes significativos.
Desde o acordo de cessar-fogo de 2020, o conflito permaneceu em grande parte adormecido, com confrontos de baixo nível entre os rebeldes e o regime de Assad. Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo as Nações Unidas, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.