A COP29, a conferência global sobre mudanças climáticas, continua acontecendo em Baku, no Azerbaijão, reunindo líderes mundiais, organizações da sociedade civil e representantes do setor privado para discutir o futuro das políticas climáticas globais. Programado para se encerrar nesta sexta-feira (22), o encontro foi prorrogado, e um impasse continua neste sábado (23): a questão do financiamento, considerada a mais importante desta COP.
No entanto, outras questões puderam ser resolvidas durante a COP. Em plenária, se instituiu oficialmente a próxima presidência da COP30 ao Brasil. Em discurso, a ministra Marina Silva usou uma metáfora sobre mulheres indígenas que fiam, dizendo que fiar também significa confiar, e fez um chamado para que o mundo se una nesse grande desafio.
Um ponto importante da conferência foi a aprovação do artigo 6º do Acordo de Paris, que estava em aberto há nove anos. O texto trata de um mercado de carbono e transação entre países — todos os países têm suas metas climáticas, e quem atingir antes a meta climática e tiver excedente vai poder comercializar com o país que não está conseguindo atingir a meta. Outro artigo aprovado se refere a países como a Bolívia, por exemplo, que não gostam da ideia de comércio com a natureza e querem ajuda para proteger a biodiversidade, mas sem uma relação que seja de mercado. As definições foram consideradas uma vitória e os presentes bateram palmas.
Impasse em relação ao financiamento
Nesta sexta (22), uma proposta de financiamento de países ricos a países em desenvolvimento que previa que se chegasse a 1,3 trilhão de dólares foi apresentada, mas não foi aprovada até o momento. Começou a circular também outra proposta, que fala em 300 bilhões de dólares por ano.
Muitos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, queriam que esse dinheiro viesse de recursos públicos, de orçamento desses países e não, por exemplo, empréstimos, já que os países beneficiados têm economias mais frágeis e há risco de aumentar o endividamento.
Há uma pressão grande, principalmente dos Estados Unidos, para que esses 300 bilhões sejam misturados entre dinheiro público e dinheiro privado.
No caso da proposta anterior, com uma quantia maior, há consenso de utilizar todas as fontes de financiamento possível para descarbonizar as economias, como os mercados de carbono, o dinheiro dos bancos multilaterais, como o Banco Mundial, o BID, a filantropia e dinheiro de outros bancos.
Protesto de países pequenos e pobres
Dentro desse grande impasse em relação aos valores de financiamento, dois grupos fizeram um protesto durante a negociação: os países-ilha e países mais vulneráveis economicamente.
As nações que são pequenas ilhas, que existem no Pacífico ou no Caribe, chamam atenção para suas dificuldades com o avanço do mar e outras tragédias climáticas, como furacões. São países com território pequeno, que ficam inundados. Além disso, não contribuem em emissões de carbono.
Os dois grupos, no meio da tarde de hoje, protestaram saindo temporariamente da sala de negociação, alegando que não estavam sendo inclusos no debate, e que precisam ser priorizados por estarem afundando com o avanço dos oceanos.