O deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor geral da Abin, prestou depoimento à Polícia Federal por cerca de duas horas, nesta terça-feira. Ele respondeu sobre o inquérito que investiga a tentativa de um golpe de estado para que o ex-presidente Jair Bolsonaro permanecesse no cargo, mesmo com a derrota nas urnas. Ramagem e o advogado deixaram a sede da Polícia Federal, em Brasília, por volta de quatro e quarenta da tarde, sem falar com a imprensa.
Segundo as investigações, após a vitória de Lula, nas eleições, Ramagem teria participado de uma reunião com Bolsonaro e os chefes das forças armadas para debater formas de evitar que Lula fosse empossado.
Durante as tratativas, comandantes das forças militares teriam apresentado alternativas como a decretação do estado de sítio, do estado de defesa e a Garantia da Lei e da Ordem para impedir que o novo governo assumisse o Planalto. O plano não foi pra frente, segundo a PF, por conta da negativa dos chefes do Exército e da Aeronáutica.
Nesta quarta, um general e dois coronéis investigados por possível participação na trama golpista devem ser ouvidos pela Polícia Federal. Eles foram indiciados pelo Exército, na semana passada, por participarem da criação e divulgação de uma carta que cobrava a cúpula militar a aderir a um golpe de Estado após a eleição.
Mais cedo, Bolsonaro prestou depoimento à Controladoria-Geral da União, em outro inquérito – que investiga a ordem dos bloqueios de estradas, durante o segundo turno das eleições de 2022. O ex-presidente respondeu sobre a participação de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, durante a campanha dele à reeleição. Ele respondeu que não. Nesta investigação, Jair Bolsonaro prestou depoimento na condição de testemunha. O depoimento foi colhido por videoconferência.
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Anderson Torres, também deve prestar depoimento como testemunha. Neste caso, por escrito. A medida atende a ordem do STF, em que Bolsonaro e Torres, não podem manter contato.