Se, oficialmente, o PT encontrou formas de celebrar os resultados da eleição municipal desse ano, algumas lideranças importantes do partido e do governo já começaram conversas sobre os recados das urnas e os ajustes programáticos que a sigla do presidente Lula precisa fazer para evitar resultados ruins nas próximas disputas.
O PT saiu da eleição desse ano com vitória em apenas uma capital – Fortaleza, onde a disputa foi acirradíssima com apenas 11 mil votos de diferença para o candidato do PL. No ranking de partidos com mais prefeituras, ele é o nono colocado.
Ao todo, o Partido dos Trabalhadores elegeu 252 prefeitos este ano. Isso representa um crescimento em relação a 2020, mas abaixo das expectativas das lideranças da sigla.
O ministro de relações institucionais, Alexandre Padilha, defendeu que o PT faça uma avaliação profunda dos resultados.
“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016 nas eleições municipais. Então, teve conquistas importantes, eleição na capital, elegeu cidades importantes nesse segundo turno, mas ainda tem um esforço de recuperação. E eu acho que o PT vai fazer uma avaliação sobre isso, certamente sobre esse resultado, como voltar a ser um partido com mais protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades”, disse.
Já Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo federal, deu uma entrevista à Globonews em que defendeu que parte das pautas levantadas pelo candidato Pablo Marçal (PRTB), que disputou a prefeitura de São Paulo, façam parte dessa revisão das pautas do PT em futuras eleições.
Ele defendeu humildade nesse processo de análise sobre o que o partido tem que melhorar.
“O PT precisa se atualizar do ponto de vista programático, é um partido que foi pensado para o mundo do trabalho muito diferente do que é hoje. Nós temos que avançar no sentido de abrir diálogo com outros setores, todo esse tema, por exemplo, do empreendedorismo, das pessoas que escolheram outra forma de viver, que foi pauta bastante dessa eleição em São Paulo”, defendeu.
Paulo Pimenta também deu como exemplo a necessidade de o partido conseguir alinhar o discurso às necessidades da juventude periférica do país – um pouco em linha com o recado do rapper Mano Brown, durante as eleições de 2018.
Por outro lado, o ministro contemporizou que o saldo não foi tão expressivo para o PT pelo fato de o partido ter decidido abrir mão de algumas cabeças de chapa em prol de uma união com outros partidos. E pontuou que os 30% de abstenção no segundo turno são um recado que precisa ser ouvido pelas siglas para entender o que tem gerado desencanto em tantos eleitores.
Questionado se o fato de partidos de centro terem sido vitoriosos nessa eleição obrigaria o PT a fazer um movimento neste sentido nos próximos pleitos, Pimenta disse que o centro político do Brasil hoje em dia já se aglutina em torno do presidente Lula.