“Excelente amigo e herói.” É assim que Renan Alves, de 26 anos, descreve o açougueiro Renato Oliveira Alves Reis, de 48 anos, um dos três mortos por balas perdidas na Avenida Brasil durante uma operação da Polícia Militar. Renan, filho de Renato, conversou com jornalistas após os ritos de despedida do pai.
Renato foi enterrado na manhã deste sábado (26), no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele trabalhava em uma empresa que presta serviços à Marinha, na Penha. A vítima estava cochilando no ônibus da linha 493, a caminho do trabalho, quando foi atingida na cabeça. O disparo entrou por uma das janelas do coletivo, na pista de descida da Avenida Brasil, na altura da Cidade Alta, Zona Norte.
Ainda abalado, o filho pediu justiça e mais segurança para o Rio de Janeiro, afirmando que perdeu “o melhor amigo e herói”.
“Era um cara trabalhador, respeitador, responsável, sempre se sacrificou pela gente”.
“Era um cara trabalhador, respeitador, responsável, sempre se sacrificou pela gente. O que ele pôde fazer por nós, ele fazia; o que pôde fazer pelos amigos, também fazia. E sem esperar nada em troca, nem dinheiro. Ele queria um amigo, queria ser reconhecido como uma pessoa de respeito. Esse era meu pai, um excelente homem, trabalhador, um exemplo de ser humano. Infelizmente, é o mundo, não vou dizer só o nosso país. Eu peço mais segurança, mais cuidado, justiça. E deixo aqui minha homenagem ao meu pai, que foi um excelente amigo, um herói”, afirmou.
O caso aconteceu na última quarta-feira. O tiroteio ocorreu após uma operação no Complexo de Israel, Zona Norte do Rio, contra o roubo de veículos e cargas. As vítimas estavam no trânsito quando foram atingidas. A via expressa ficou fechada por cerca de duas horas, afetando milhares de pessoas.
Além de Renato, outras duas pessoas morreram e três ficaram feridas.
Geneilson Eustáquio Ribeiro, de 49 anos, era motorista da Secretaria Municipal de Educação do Rio. Ele foi atingido na cabeça após um tiro atravessar o para-brisa do caminhão de entregas que dirigia na BR-040. Geneilson foi enterrado no Cemitério de Xerém, em Duque de Caxias, na tarde desta sexta-feira.
Já o motorista de aplicativo Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, foi alvejado por um tiro que entrou pelo vidro traseiro do carro. O automóvel passava pela Linha Vermelha, em um acesso que liga a via à Rodovia Washington Luiz. Não foram divulgadas informações sobre o velório e enterro de Paulo Roberto.
De acordo com a Polícia Militar, a operação resultou na prisão de apenas uma pessoa e na apreensão de duas granadas. A porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudia Moraes, afirmou que a corporação se surpreendeu com a atuação dos criminosos, descrevendo-a como uma “atitude terrorista”.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, criticou a operação. A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio também se posicionou contra a ação, apontando a falta de planejamento e a baixa efetividade, apesar de todo o caos gerado.