Dois dias depois da diretoria da Fundação Saúde do Rio cair em meio ao escândalo dos órgãos transplantados com HIV, o governador Cláudio Castro garantiu a secretária de Saúde no cargo, Claudia Mello.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (23), Castro afirmou que “está muito claro” que Claudia não tem envolvimento no caso.
‘Está muito claro que a doutora Cláudia não tem nada a ver com isso, então eu não vou punir uma profissional de 23 anos de saúde pública, 15 delas, devotados à questão da secretaria em si, então não tem porquê.’
Nessa terça-feira (22), o governo do Rio exonerou seis diretores da Fundação Saúde, entre eles o diretor executivo João Ricardo Pilotto. A empresa pública é vinculada à Secretaria de Saúde e foi responsável pela contratação do laboratório PCS Lab Saleme, que atestou os exames de falso negativo para HIV nos doadores de órgãos.
O contrato de 11 milhões de reais, firmado de forma emergencial e sem licitação, é investigado pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio. A suspeita é de que o acordo foi favorecido por laços familiares, uma vez que um dos sócios do laboratório, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, é primo do ex-secretário de Saúde e deputado federal Doutor Luizinho, do PP. Matheus foi preso nesta quarta-feira. Ele era o único investigado ainda solto no caso.
O novo diretor executivo da Fundação Saúde nomeado por Cláudio Castro também tem relação com o ex-secretário. Em uma coluna no blog Boletim da Liberdade, em agosto de 2023, o ortopedista Marcus Vinicius Fernandes Dias deixa claro o contato próximo com a cúpula do Progressistas – nominalmente citados o ex-governador do Rio Francisco Dornelles, um dos fundadores da legenda, e Dr. Luizinho, à época presidente estadual do partido, a quem Marcus Dias se refere como “meu colega”.
Cláudio Castro, no entanto, negou a influência de Luizinho sobre a Fundação Saúde.
‘Em um pregão eletrônico, para a pessoa fazer direcionamento, tem que ter um malabarismo enorme. Eu não acredito, até porque eu convivi com o Dr. Luizinho. Antes, como deputado, como secretário e agora como deputado de novo. O Dr. Luizinho é uma pessoa que não precisa disso. É um laboratório de 60 anos de história que já participou de outras licitações. A gente realmente não tem o poder de dizer quem participa de licitação, e eu duvido muito que o Dr. Luizinho precise disso. Eu confio muito no Dr. Luizinho.’
Em decisão na terça, a Justiça tornou réus e decretou a prisão preventiva de seis acusados: os dois sócios, Matheus e Walter Vieira, e quatro funcionários dos laboratório: Jacqueline Iris Barcellar de Assis, Ivanilson Fernandes dos Santos, Cleber de Oliveira Santos e Adriana Vargas dos Anjos. Eles respondem por associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica.