A Justiça Eleitoral determinou a retirada do ar de uma propaganda da campanha do candidato do PL à prefeitura de Belo Horizonte, Bruno Engler, no qual ele cita um livro escrito pelo prefeito Fuad Noman, do PSD, e o acusa de descrever violência sexual contra crianças. A decisão do juiz eleitoral Adriano Zocche aponta que a obra “Cobiça”, escrita por Fuad em 2020, é uma ficção e foi retirada de contexto pelo adversário.
A ação movida pelo prefeito denunciou que o candidato bolsonarista vem usando, nos últimos dias, uma propaganda no rádio, TV e nas redes sociais com as acusações. No vídeo, a vice de Engler, coronel Cláudia Romualdo, também do PL, aparece com a obra em mãos e cita “que Fuad escreveu um livro erótico em plena pandemia” e “descreveu um estupro de uma criança de 12 anos”. Cláudia ainda afirma que pais e mães de Belo Horizonte devem ficar atentos a esse tipo de conteúdo.
Na sentença, o juiz eleitoral aponta que “o trecho destacado, quando analisado em seu contexto literário, é parte de uma narrativa fictícia que relata a história de uma personagem de forma a evidenciar tragédias e abusos sofridos por ela, sem qualquer apologia ou incentivo a tais atos”.
Ainda na visão do magistrado, a propaganda de Engler dá a entender claramente que a descrição de uma cena no livro de Fuad estaria endossando a prática, o que na visão dele, é uma descontextualização. Dessa forma, para a Justiça Eleitoral, “a veiculação de conteúdo gravemente descontextualizado infringe o princípio da lisura do pleito, sendo passível de imediata intervenção”.
Procurada, a equipe de Bruno Engler disse que a suspensão foi determinada de forma liminar e que enquanto o processo continua em trâmite ainda não há decisão definitiva. O candidato diz, também, que todas as informações divulgadas sobre o livro são verdadeiras e isso será reforçado na defesa.
Nesta reta final de campanha em BH, a campanha de Engler tem citado bastante o livro de Fuad como uma estratégia para atingir o eleitorado mais conservador. Em agenda com religiosos, na última segunda-feira, o candidato bolsonarista chamou a obra de “pornográfica” e disse que o conteúdo é “pertubador”.
Já o prefeito Fuad Noman afirmou, em agenda de campanha com pastores evangélicos nesta quarta-feira, que se trata de uma “fake news” contra ele, mas ressaltou que não vai ficar comentando as ações do adversário.