O Governo do Rio anunciou a mudança de toda a diretoria da Fundação Saúde dez dias após a revelação dos casos de seis pacientes infectados por HIV após transplantes de órgãos. A diretoria da instituição colocou os cargos à disposição do governador Cláudio Castro, que aceitou a demissão da cúpula e determinou a exoneração de todos. Ainda não há o nome do substituo do diretor-geral João Ricardo da Silva Pilotto.
Os atuais ocupantes dos cargos deixarão as seis diretorias da Fundação: executiva, administrativa e financeira, recursos humanos, planejamento e gestão, técnico-assistencial e jurídica.
Segundo o governo do estado, o PCS Lab Saleme foi contratado em dezembro do ano passado por R$ 11 milhões para fazer a sorologia de órgãos doados.
A Polícia Civil e o Ministério Público investigam a contratação da empresa. O laboratório tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário de Saúde Doutor Luizinho, deputado federal e líder do Progressistas na Câmara dos Deputados.
Hoje, a coordenadora técnica do laboratório vai passar por audiência de custódia. Adriana Vargas dos Anjos foi presa, neste domingo, na segunda fase da operação Verum.
A técnica foi acusada por outro preso, o técnico Ivanilson Santos, de ser a responsável por determinar a quebra do protocolo de checagem de antígenos – que era para ser feita diariamente, mas passou a ser semanal. Ela teria dado a ordem para economizar no controle de qualidade. Adriana nega as acusações.
A coordenadora disse que sua tarefa era apenas supervisionar os técnicos, que nunca soube de mudanças nos protocolos de controle de qualidade e que nunca deu ordem para que esse controle fosse semanal.
Ao ser presa, ela foi questionada por jornalistas que estavam na Cidade da Polícia sobre a falha que levou à contaminação por HIV dos transplantados. Adriana respondeu: “Humana”. Ela também foi perguntada sobre de quem seria a responsabilidade, e disse apenas que: “Quem realizou o exame já está sendo punido”.
Na casa da coordenadora, a polícia apreendeu três computadores e quatro telefones.
O advogado de Adriana, Leonardo Mazzutti Sobral, disse, em nota, que a coordenadora não recebeu e tampouco emitiu qualquer ordem para reduzir a periodicidade de atos relativos à controle de qualidade, repudiando qualquer informação ou depoimento veiculado em contrário. A defesa também afirma que Adriana não participou de nenhum ato relativo a contratação do PCS Lab Saleme, com a Fundação Estadual de Saúde ou qualquer outro órgão público;
Neste domingo, um dos pacientes que recebeu órgãos infectados pelo HIV foi internado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a linha de emergência para os pacientes transplantados foi acionada. O homem de 70 anos, que teve o fígado transplantado, foi levado para o CTI do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio. A secretaria não informou qual o estado de saúde dele.