A promotora de Justiça, Cristiana Benites, em entrevista ao CBN Rio, disse que a contratação do laboratório PCS-Saleme teria sido sob a justificativa de que o Hemorio não estava dando conta da demanda.
O Ministério Público do Rio está investigando a contratação do laboratório PCS-Saleme pelo governo do estado. O laboratório foi apontado pela Secretaria Estadual de Saúde como responsável pelo erro em exames, o que culminou na infecção por HIV de seis pessoas que estavam na fila do transplante e receberam órgãos.
A promotora de Justiça, Cristiana Benites, da Promotoria de Tutela Coletiva da Saúde da Capital, em entrevista aos âncoras Bianca Santos e Leandro Resende no CBN Rio, destacou que o que mais chamou a atenção nessa apuração sobre a contratação do Laboratório PCS-Saleme pelo governo do estado é que a Central Estadual de Transplantes não participou do processo de licitação. A promotora destaca ainda que o diretor da Central Estadual de Transplantes chegou a questionar a habilitação desse laboratório para fazer as análises:
“O que mais me chamou a atenção, nesse caso, que eu pude realmente apurar, foi que a Central Estadual de Transplante não participou desse processo licitatório que dizia respeito à Central e o coordenador chegou a questionar a habilitação técnica desse laboratório para fazer essas análises. E, no entanto, ele não obteve nenhum tipo de retorno por parte da Fundação Saúde, por parte da Secretaria do Estado de Saúde”.
A promotora também destacou o fato de o Hemorio não estar à frente desse processo de detecção de diagnósticos. Segundo ela, a contratação desse laboratório teria sido sob a justificativa de que o Hemorio não estava dando conta da demanda.
“Nas reuniões que nós tínhamos com a Central Estadual de Transplante, juntamente com a Secretaria do Estado de Saúde, a informação que passava ao Ministério Público é que havia uma demanda tão grande que o Hemorrio não dava conta. Então, haveria, sim, uma necessidade de terceirização. Ocorre que, após esse escândalo, foi observado, por exemplo, que a demanda em relação à Central de Transplantes desse laboratório, especificamente, a partir do início da execução dos trabalhos em dezembro de 2023 até setembro, quando as atividades foram suspensas, tivemos apenas 286 casos. E isso foi revisto pelo Hemorio em um final de semana.”.
A promotora de Justiça, Cristiana Benites, classificou o episódio como “lamentável, sem precedentes e que abala a credibilidade do programa estadual de transplante”.