A frase “tô subindo nas minhas redes” virou um fenômeno nos debates da eleição pela Prefeitura de São Paulo. Em busca de furar a bolha, se tornarem mais conhecidos e mostrarem provas das críticas que fazem aos adversários, os candidatos pedem para os eleitores procurarem os perfis digitais deles.
A primeira a usar essa estratégia foi Tabata Amaral (PSB), ao responder a primeira pergunta do primeiro debate. A candidata do PSB começou o período eleitoral desconhecida pela maioria dos eleitores, e apostou em uma série biográfica nas redes para se popularizar.
“Convidando vocês a conhecerem mais do meu trabalho, da minha história, a gente acabou de lançar uma série no YouTube”
Nesse mesmo debate, Guilherme Boulos (PSOL) incentivou os eleitores a pesquisarem na internet para comprovar os ataques que fez a Ricardo Nunes (MDB):
“Se você não acredita, não precisa acreditar em mim, em debate. Vai lá no Google, digita ‘Nunes Compadre’, você vai ver o que vai aparecer”
Ainda no primeiro debate, tanto Tabata, como Boulos, usaram as redes sociais para divulgarem provas da condenação contra Pablo Marçal (PRTB) por furto qualificado em um caso de 2005, em Goiás.
“Tá subindo agora na minha rede social a cópia da sentença de condenação do Marçal”
Depois disso, a moda pegou e virou quase um bordão da eleição de 2024 pela prefeitura de São Paulo.
No terceiro debate, foi a vez de Pablo Marçal usar a técnica para evitar responder a perguntas dos adversários.
“Eu me proponho aqui, Tabata. A pergunta que você fez vai ser respondida no Instagram. Sua pergunta vai ser respondida logo após o debate. É, a segunda pergunta que vai ser respondida no papo”
A exceção dessa estratégia tem sido José Luiz Datena (PSDB). O apresentador é ativo nas redes sociais e produz cortes das entrevistas e atos de campanha. Mas, não usa os momentos de exposição pública para chamar o eleitor aos canais digitais.
A estratégia faz sentido?
O cientista político e professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Paulo Roberto Souza, avalia que a estratégia é eficaz quando bem aplicada. Se não, fica restrita aos seguidores que o candidato já tem, e que já são eleitores convertidos.
“Essa capacidade de furar bolhas depende do tema, do hype, da polêmica, depende de tudo que está sendo debatido durante a campanha e aquilo que está ganhando mais relevância. Um trabalho prévio, muito bem orientado, já prevendo alguns cenários que vão aparecer no debate e aí já deixar esse material preparado, um alinhamento com a candidata e o candidato de forma bem eficaz e claro, uma boa estrutura nas redes sociais e conseguir que isso se dissemine”
O especialista ainda avalia que esse fenômeno também foi puxado como uma resposta dos adversários a Pablo Marçal. O candidato do PRTB já era um influenciador com milhões de seguidores, e os outros concorrentes também precisaram investir no digital para não ficarem em desvantagem.