Uma análise da CBN identificou que o plano de governo do candidato Pablo Marçal (PRTB) para gerir a capital paulista apresenta vários trechos que são um “copia e cola” do documento apresentado quatro anos atrás por Filipe Sabará, atual coordenador de sua campanha, quando concorreu pela Prefeitura de São Paulo.
A proposta de Marçal também tem várias passagens praticamente idênticas às do texto de Sabará de 2020, com pequenas mudanças de palavras. São trechos inteiros escritos exatamente iguais como os do documento de 2020.
Capa do plano de governo de Pablo Marçal. — Foto: Reprodução
O plano de governo de Pablo Marçal para a prefeitura de São Paulo tem trechos inteiros idênticos aos da proposta apresentada por Filipe Sabará em 2020, quando tentou concorrer ao cargo pelo Partido Novo. — Foto: Reprodução
Filipe Sabará teve a candidatura rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral naquela eleição, e desistiu da corrida à prefeitura após ser expulso do Partido Novo.
Com o uso de inteligência artificial em uma plataforma que identifica plágio, foi possível notar que duas mil duzentas e quinze palavras estão repetidas, o equivalente a 26% do plano. Além disso, também foram identificadas frases e sentenças com pequenas alterações ou trechos parafraseando partes do plano anterior, chegando à metade do documento.
Na assistência social, por exemplo, houve a troca da “Jornada da Autonomia” para pessoas em situação de vulnerabilidade pela “Jornada da Prosperidade”. A mudança consiste na inclusão de palavras mais usadas em palestras motivacionais, como “prosperidade” e “abundância”.
O plano de governo de Pablo Marçal para a prefeitura de São Paulo tem trechos inteiros idênticos aos da proposta apresentada por Filipe Sabará em 2020, quando tentou concorrer ao cargo pelo Partido Novo. — Foto: Reprodução
A proposta apresentada por Marçal de fazer processos seletivos para escolhas de cargos administrativos, como secretários e subprefeitos, pro exemplo, parece novidade. Mas já estava no plano de governo do então candidato Filipe Sabará, em 2020.
São poucas as propostas que fogem do plano elaborado por Sabará e a vice Marina Helena, que hoje concorre contra Marçal como cabeça de chapa pelo Partido Novo. Entre as novidades estão o teleférico como política de mobilidade e a construção do prédio mais alto do mundo, com 1 km, como símbolo de inovação e progresso.
Os planos para a Guarda Civil Metropolitana também são parecidos. Os dois falam em aumentar o efetivo e retirá-la de funções fora do escopo de segurança. Mas a meta de triplicar o número de agentes só é citada na proposta de Marçal. Nesta semana, ao participar da sabatina promovida por UOL e Folha de São Paulo, o candidato reconheceu que não seria possível cumprir a meta nos quatro anos de governo, caso eleito.
Para o coordenador do plano de governo as semelhanças são “óbvias”.
“Em 2020, o plano que foi apresentado por nós foi construído por mais de 60 especialistas por área, por eixo, e, por óbvio, que nós aproveitamos todo esse material de quatro anos atrás, atualizando para o momento de 2024, mas como eu sou o coordenador de plano de governo do Pablo, não faz sentido jogar fora um trabalho que foi feito bastante profundo em 2020. E atualizada com especialistas que estamos escutando em 2024. Obviamente o candidato que é o Pablo”, destacou Filipe Sabará à CBN, que não iria “jogar fora” o projeto que não foi utilizado em 2020.
Na educação, muitas propostas são idênticas às de Sabará em 2020. Entre elas, a aplicação de metas para que os alunos atinjam o aprendizado adequado em Língua Portuguesa e Matemática. E a remuneração de professores e gestores das escolas de acordo com a frequência nas salas de aula e o cumprimento de metas de aprendizagem. Os dois também falam em adicionar ao currículo escolar disciplinas ligadas à educação financeira e empreendedorismo. Marçal adicionou às propostas aulas sobre “princípios e valores” e desenvolver programas de educação emocional nas escolas.
Quem é Filipe Sabará?
Plano de governo de Filipe Sabará em 2020 — Foto: Reprodução
Filipe Sabará entrou na política ao se tornar secretário municipal de Assistência Social na prefeitura de João Doria, em 2017. Ganhou destaque ao defender a distribuição pela gestão municipal da farinata, o granulado feito a partir de alimentos próximos do vencimento.
A farinata foi apelidada de “ração humana” e, após críticas, a ideia não saiu do papel – e também não aparece entre as propostas de Pablo Marçal. Sabará chegou a ganhar o apelido de “mini Doria”, mas rompeu relações com o tucano para se aproximar do bolsonarismo.
No governo Tarcísio de Freitas, Filipe Sabará foi secretário-executivo de Desenvolvimento Social e presidente do conselho do Fundo Social. Sabará voltou aos holofotes no ano passado, já secretário de Tarcísio, quando um suposto plano que enviaria moradores em situação de rua da capital para fazendas no interior vazou. Em maio deste ano, deixou a gestão Tarcísio.