A candidata à Presidência dos EUA, Kamala Harris, e seu vice, o governador de Minnesota, Tim Walz, farão pela primeira vez nesta semana campanha juntos na Geórgia. O objetivo é atingir a região sudeste do estado e oferecer uma prévia de sua estratégia em um dos principais estados em disputa antes do dia da eleição, em novembro.
São poucos os estados que serão observados mais de perto do que a Geórgia quanto aos sinais de como os eleitores estão respondendo à campanha e à recém-criada chapa, o que faz com que esse seja um pontapé adequado para Harris e Walz após a Convenção Nacional Democrata. Quatro anos atrás, o presidente Joe Biden foi o primeiro democrata a conquistar o estado desde Bill Clinton, em 1992, vencendo por menos de 12 mil votos.
À medida que Harris e Walz começarem sua turnê de ônibus no Estado do Pêssego nesta quarta-feira (28), eles realizarão uma rara viagem pelo sul da Geórgia, região que normalmente tende a ser republicana, porém é onde o senador democrata Raphael Warnock teve sucesso no segundo turno do Senado em 2022.
“É uma coalizão diversa de eleitores, que inclui georgianos rurais, suburbanos e urbanos, e lá vive uma grande população de eleitores afro-americanos”, disse Quentin Fulks, vice-diretor de campanha de Harris, à CNN, apontando para a infraestrutura da campanha no estado.
A campanha conta com 24 escritórios de campo na Geórgia, sendo sete na parte sul do estado, com 50 funcionários em tempo integral, informou um memorando do diretor estadual da campanha de Harris na Geórgia, Porsha White.
Fulks, que gerenciou a campanha de Warnock, senador americano, argumentou que Harris, assim como o parlamentar, tem uma vantagem em atrair grupos de eleitores maiores, incluindo os da zona rural.
“Nós também vemos Donald Trump nos dando a capacidade de fazer exatamente a mesma coisa que fizemos quando eu estava administrando a campanha o Senador Warnock, ou seja, atrair os eleitores republicanos”, acrescentou Fulks.
As autoridades da campanha de Harris ressaltaram várias vezes que a eleição presidencial será uma disputa acirrada. Na Geórgia, isso está claro. Pesquisas recentes do The New York Times e da Siena College mostraram Trump liderando entre os eleitores registrados na Geórgia, por 51% a 44%.
Mas os estrategistas democratas do estado também veem uma oportunidade.
“Isso é extremamente significativo porque a zona rural da Geórgia não é um lugar onde os democratas costumam atuar e é um lugar onde os democratas têm sofrido muito nas pesquisas”, disse Fred Hicks, estrategista democrata baseado na Geórgia. “Em 2022, vimos surgir uma nova oportunidade para os democratas.”
A campanha de Biden, que se tornou a campanha de Harris, concentrou alguns de seus esforços organizacionais para diminuir a vantagem de Trump nas áreas rurais, disse o diretor dos estados-pêndulo, Dan Kanninen, a repórteres na semana passada.
“Precisamos reduzir um pouco os limites na zona rural dos Estados Unidos e não presumir que não podemos falar com esses eleitores – porque essa suposição foi muito ruim para nós no passado e, de repente, perdemos condados por 80-20 em vez de 60-40. Portanto, temos que aparecer nesses lugares”, disse Kanninen em um evento organizado pela Bloomberg.
Ele ainda disse: “Estamos em todos os lugares com a intenção de ter uma estrutura de permissão para dividir os votos onde pudermos”.
Howard Franklin, outro estrategista democrata do estado, concordou com a afirmação: “Uma grande parte da vitória no estado não é apenas vencer excessivamente na região metropolitana de Atlanta, mas também reduzir as margens de vitória dos republicanos nos condados rurais”.
Na primeira semana de sua campanha presidencial, Harris realizou um comício em Atlanta com milhares de participantes.
White, o diretor estadual da Geórgia, apontou os condados de Forsyth e Fayette, na área metropolitana de Atlanta, como lugares com oportunidades para Harris ganhar terreno, citando o recente comparecimento em um evento “Weekend of Action” do condado de Forsyth, em que Trump saiu vitorioso em 2020.
A CNN anteriormente informou que a campanha de Trump ficou cada vez mais preocupada com o estado desde que Harris assumiu a liderança da chapa democrata. Recentemente, Trump procurou encerrar uma briga de longa data com o governador da Geórgia, Brian Kemp, um republicano popular, após criticá-lo publicamente em um comício.
A Geórgia também esteve no centro da tentativa de Trump de anular a eleição de 2020 com alegações de fraude eleitoral generalizada, embora nenhuma tenha sido encontrada.
Na segunda-feira (26), os democratas, com o apoio da campanha presidencial de Harris, entraram com uma ação judicial para bloquear as novas e polêmicas regras eleitorais na Geórgia, que, segundo eles, poderiam levar ao “caos” pós-eleitoral no estado que é considerado um campo de batalha presidencial para novembro.
Espera-se que a turnê de Harris e Walz pelo sudeste da Geórgia, que inclui uma mistura de paradas rurais e urbanas, se concentre em questões do dia a dia dos eleitores após uma série de anúncios relacionados à economia nesta semana. A turnê de ônibus será concluída com um comício na área de Savannah na quinta-feira (29), de acordo com a campanha. Walz não participará do comício.
“Em sua viagem de ônibus, a vice-presidente e o governador Walz se reunirão diretamente com os eleitores em suas comunidades, semelhante à viagem de ônibus que fizeram pelo oeste da Pensilvânia, que incluiu paradas em um escritório de campanha e em um treino de futebol americano em uma escola de ensino médio”, disse a campanha em um comunicado, descrevendo o esforço na Geórgia como “fundamental” em sua iniciativa para alcançar uma coalizão diversificada de eleitores.
Harris e Walz também farão uma entrevista conjunta exclusiva e muito aguardada com Dana Bash, da CNN, enquanto estiverem na Geórgia na quinta-feira, marcando a primeira conversa detalhada e registrada de Harris com uma jornalista desde que ascendeu ao topo da chapa democrata.
A turnê de ônibus também oferece uma oportunidade de apresentar Walz, seu passado militar e seus dias como técnico de futebol americano como especialmente importantes para o sul da Geórgia, segundo estrategistas democratas que citaram sua criação na zona rural dos Estados Unidos.
“Se isso mexer o ponteiro, você terá uma nova jogada para a Geórgia”, disse Hicks.
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