Israel emitiu novas ordens de retirada para Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, no final do domingo (25), forçando mais famílias a fugir, dizendo que suas forças pretendiam agir contra o grupo Hamas e outros que operam na região.
Nos últimos dias, Israel divulgou várias ordens de retirada em toda a Faixa de Gaza, o maior número desde o início da guerra de 10 meses, provocando um clamor dos palestinos, das Nações Unidas e das autoridades de assistência sobre a redução das zonas humanitárias e a ausência de áreas seguras.
O município de Deir Al-Balah diz que as ordens de retirada israelenses já deslocaram 250.000 pessoas até o momento.
Em uma declaração publicada no X, os militares israelenses pediram aos residentes de determinadas zonas que se deslocassem imediatamente para o oeste, pois a área em que se encontram é “considerada uma zona de combate perigosa”.
Os ataques militares israelenses mataram pelo menos sete palestinos nesta segunda-feira (26), segundo médicos. Dois foram mortos em Deir Al-Balah, onde cerca de um milhão de pessoas estavam abrigadas, dois morreram em uma escola no campo de Al-Nuseirat e três na cidade de Rafah, ao sul, perto da fronteira com o Egito.
Mais tarde nesta segunda-feira um ataque israelense a uma barraca na costa da Cidade de Gaza matou seis palestinos e feriu várias outras pessoas, disseram médicos à Reuters.
As novas ordens forçaram muitas famílias e pacientes a deixar o Hospital Al-Aqsa, a principal instalação médica em Deir Al-Balah, onde centenas de milhares de moradores e pessoas deslocadas se abrigaram, por medo de bombardeios. O hospital fica próximo à área coberta pelo aviso de retirada.
A entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse em um comunicado no X na noite de domingo que uma explosão a aproximadamente 250 metros de distância do Hospital Al-Aqsa, apoiado pelo MSF, provocou pânico.
“Como resultado, a MSF está considerando a possibilidade de suspender o tratamento de feridos por enquanto, ao mesmo tempo em tenta manter o tratamento que salva vidas”.
De cerca de 650 pacientes, apenas 100 permanecem no hospital, com sete na unidade de terapia intensiva, disse, citando o Ministério da Saúde de Gaza.
Impasse diplomático
A escalada ocorre com pouca esperança de um fim à vista para a guerra, já que a diplomacia dos mediadores, Catar, Egito e Estados Unidos, até agora, não conseguiu fechar a brecha entre Israel e o Hamas, cujos líderes trocaram acusações sobre a responsabilidade pela falta de acordo.
Hamas e Israel não concordaram com vários compromissos apresentados pelos mediadores nas negociações no Cairo no domingo, disseram duas fontes de segurança egípcias.
Uma autoridade sênior dos EUA, no entanto, descreveu as negociações como “construtivas”, dizendo que foram conduzidas com o espírito de que todos os lados chegariam a “um acordo final e implementável”.
Osama Hamdan, representante do Hamas, afirmou que o grupo rejeitou as novas condições impostas por Israel durante as negociações, das quais o grupo não participou, e acrescentou que os comentários dos EUA sobre um acordo de cessar-fogo iminente eram falsos e tinham como objetivo servir a propósitos eleitorais.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e seu governo têm enfrentado protestos crescentes nos EUA sobre a ajuda a Israel antes das eleições de novembro.
Mais de 40.400 palestinos foram mortos na guerra, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. O enclave lotado foi devastado e a maioria de seus 2,3 milhões de habitantes foi deslocada várias vezes e enfrenta escassez aguda de alimentos e medicamentos, segundo as agências humanitárias.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas, de acordo com cálculos israelenses, e mais de 250 foram feitas reféns.
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