A eleição presidencial dos EUA neste ano está recheada de ineditismos. É a primeira vez que uma mulher negra e com ascendência asiática concorre à Casa Branca em um dos dois grandes partidos americanos. É também a disputa com o candidato mais velho da história do país — Donald Trump, que lidera a chapa do Partido Republicano, tem 78 anos.
Até aqui, as pesquisas eleitorais mostram um cenário incerto e não há um favoritismo claro entre os dois. Mas se a candidata democrata vencer, então haveria a quebra de mais um punhado de paradigmas. O mais evidente deles é que Kamala Harris se tornaria a primeira presidente mulher da história dos EUA. Ela levaria para a Casa Branca seu marido, Doug Emhoff, que se ocuparia o inédito cargo de primeiro-cavalheiro — o equivalente masculino de primeira-dama — desde a independência dos EUA, há 248 anos.
Na terça-feira (21), Emhoff discursou durante a Convenção Nacional do Partido Democrata, onde apresentou a história de como ele conheceu a atual vice-presidente e revelou características de sua personalidade.
“A empatia é a força dela”, disse o segundo-cavalheiro. “E agora que o país precisa dela, ela está mostrando a vocês aquilo que a gente já sabe. Ela está pronta para liderar”.
A possível chegada de Emhoff na Casa Branca ocorre num momento de transição sobre o papel do cônjuge da pessoa que ocupa a presidência dos EUA.
Historicamente, esse cargo é responsável por ser o anfitrião da Presidência em eventos sociais. Desde que Michelle Obama assumiu o título, em 2009, essa função não tem mais sido desempenhada.
As sucessoras Melania Trump e Jill Biden também optaram por não assumir a responsabilidade cerimonial. E a esposa de Joe Biden quebrou o protocolo e foi a única primeira-dama que manteve seu trabalho apesar do cargo do companheiro — ela atua como professora de inglês em uma universidade pública na Virgínia.
Ao mesmo tempo, Jill Biden assumiu uma iniciativa prática na gestão pública, montando um programa de apoio a veteranos de guerra e suas famílias.
Por enquanto, Emhoff ainda não apresentou sua visão sobre qual seria o seu papel como primeiro-cavalheiro dos EUA caso Kamala Harris conquiste a Casa Branca.
Mas seu histórico dá indícios sobre o que esperar.
Nos últimos três anos e meio em que Kamala Harris ocupou a vice-Presidência, entretanto, ele manteve seu cargo como professor universitário. Em paralelo, foi neste período em que o marido da agora candidata democrata desenvolveu um papel de liderança nacional no combate ao antissemitismo, o que poderia ser uma bandeira que Emhoff levaria, também, ao inédito cargo de primeiro-cavalheiro.
“Na última década, a Kamala me conectou mais profundamente à minha fé, embora não seja a mesma que a dela. Ela lutou contra o antissemitismo e todas as formas de ódio durante toda a sua carreira. Foi ela quem me encorajou, como segundo-cavalheiro, a enfrentar essa luta, que é tão pessoal para mim”, disse Emhoff em seu discurso na Convenção Democrata.
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