Os atores Otavio Augusto e Daniel Marano são os entrevistados desta sexta-feira (16) no Fim de Expediente. O espetáculo está em cartaz há oito anos. Confira a conversa completa!
Os atores Otavio Augusto e Daniel Marano são os entrevistados desta sexta-feira (16) no Fim de Expediente. Ambos comentam os bastidores e a reação do público sobre “A Tropa”, peça em cartaz há oito anos. Agora, o espetáculo volta a São Paulo para duas sessões especiais no Teatro Estúdio, novo espaço cultural nos Campos Elíseos.
Ouça a entrevista completa no player abaixo!
Com 60 anos de carreira, Otavio Augusto ressalta a grande aceitação da peça pelo público, apesar de já ter sido escrita há mais de 10 anos.
“Uma peça que tem tido uma aceitação do público fantástica. Engraçado, acho que é uma das primeiras vezes que eu vejo isso em teatro: o público responde para a gente nos dizendo o que ele está achando da peça. A peça foi escrita há muito tempo já, 15 anos ou 10 anos. O público nos surpreendeu, principalmente o público de Curitiba. A reação durante o espetáculo nos traz coisas fantásticas”, diz.
A Tropa — Foto: Jonatas Marques
A peça trata de uma reunião de família em um hospital, com um pai, que é ex-militar, doente. Daniel Marata comenta o tema do espetáculo que traz questões ideológicas.
“O texto é premonitório, porque o gatilho de inspiração do autor, Gustavo Pinheiro, para esse texto, foi a polarização das eleições da Dilma e do Aécio. A gente ainda não tinha, ali de 2014 para 2015, vivido esse levante da direita e da extrema-direita. Não tínhamos a figura Bolsonaro sendo falada como, nos últimos oito anos vimos ela crescer e se levantar no panorama político. Portanto, a peça, ela teve uma aguda sensibilidade de captar um movimento que estava por vir, que era um movimento de polarização radical de hoje”, lembra.
O militar da reserva sofre um acidente e, por isso, está no hospital. Então, cada um dos filhos que vão visitar o pai tem uma posição política e de vida totalmente diferente. Marata complementa, revelando que é a diversidade de pensamentos dos personagens que torna a peça interessante.
“A peça discute contradições de pensamentos e das ideologias políticas, mas não é só uma peça política, na verdade. São posicionamentos religiosos, sociológicos, sexuais, tudo é colocado ali. São cinco homens discutindo as suas vidas, as suas intimidades, e cada um pensando diferente, e cada um tendo razão e não tendo razão, isso que é interessante do espetáculo”, ressalta.
Otavio complementa o pensamento do colega.
“A peça é uma grande comédia. As contradições se afloram de tal forma, há momentos absurdos, e que você identifica exatamente com a formação da família brasileira. Não tem essa coisa de rico e pobre. Aflora muita coisa que a gente está habituado a viver, mas que não presta atenção nessas contradições”, afirma.
A Tropa, elenco — Foto: Jonatas Marques
Além disso, Otavio Augusto diz que o teatro é como um encantamento e que quando não está no palco, não se sente útil.
“Aquele encantamento que você não esquece mais e que fica dentro da sua cabeça. Eu não sei te explicar direito, também não importa, como eu também não sei porque é que eu sou ator ou quando despertou isso em mim. É como um encantamento para mim, e até hoje, eu, se estou sem fazer teatro, se eu não estou no palco, eu me sinto meio inútil”, garante.
Serviço
- Espetáculo “A Tropa”
- Onde: Teatro Estúdio, na Rua Conselheiro Nébias, 891, nos Campos Elíseos
- Quando: As apresentações acontecem nos dias 24 e 25 de agosto, sábado às 20h e domingo às 17h