O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição terá que continuar agindo para trazer a inflação para a meta independentemente de quem seja o próximo presidente do BC.
O mandato dele termina este ano e as expectativas são de que Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária e ex-integrante do ministério da Fazenda de Lula, assuma o posto nos próximos meses. Galípolo foi indicado para a diretoria do BC pelo governo federal.
Campos Neto afirmou, durante um evento da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, nesta segunda-feira (12), que o BC tem dado mensagens inequívocas nesse sentido. Para ele, o prêmio risco tende a diminuir.
“A gente tem tido uma mensagem, vamos dizer assim, inequívoca e consensual de que o Banco Central vai fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta, eu acho que é muito importante, independente de quem seja o presidente, de qual seja o mandato, eu acho que isso está bem sedimentado no grupo que nós temos hoje e nos debates que nós fazemos”, explica.
A afirmação de que o Copom não vai poupar esforços para trazer a inflação pra meta de 3% ao ano está em linha com a última ata do comitê, divulgada no início da semana passada. O Comitê de Política Monetária decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 10 E MEIO PORCENTO AO ANO, e citou que as projeções para a inflação no horizonte relevante estão acima da meta.
Campos Neto ainda avaliou que o governo Lula tem feito um esforço fiscal importante, mas destacou que ainda é preciso ter cautela sobre a dinâmica fiscal dos próximos meses. E afirmou que o prêmio de risco tende a diminuir conforme o governo federal demonstrar esforços para controlar gastos.
Para Campos Neto, é preciso que o país faça um esforço extra nesse sentido, com foco no médio prazo, para sinalizar que existe uma conversão da dívida nos próximos meses.
O presidente do Banco Central indicado por Bolsonaro também falou sobre os recentes receios de recessão nos Estados Unidos. Para ele, houve, de fato, uma desaceleração da economia norte-americana, mas o cenário de recessão ainda é pouco provável.
Há uma semana, dados sobre o desaquecimento da economia norte-americana provocaram pavor nos mercados internacionais. A Bolsa de Tóquio chegou a cair mais de 12% num só dia, trazendo reflexos também para o Ibovespa. Mas, os índices recuperaram as perdas nos dias seguintes.