O brigadeiro do ar, Marcelo Moreno, que é o chefe do Cenipa, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos, afirmou neste domingo que os investigadores conseguiram ter acesso a todas as informações de voz e dados das duas caixas-pretas do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. Ele disse que essa é uma primeira fase de extração dos dados e que depois todos esses registros vão ser analisados para entender a dinâmica dos instantes que antecederam a tragédia. O chefe do Cenipa voltou a afirmar ainda que em nenhum momento os pilotos do avião declararam alguma situação de emergência aos órgãos de controle de tráfego aéreo. E afirmou que a intenção é em até 30 dias divulgar um relatório preliminar com as causas do acidente.
A FAB informou que os investigadores têm previsão de encerrar os trabalhos no local do acidente nesta segunda-feira e que, depois da retirada da aeronave, a responsabilidade de custear a higienização do local do acidente, dos bens e dos destroços é da Voepass. As peças da aeronave, como os motores, vão ser encaminhadas e guardadas no Campo de Marte, na Zona Norte da capital paulista. Os motores vão passar por uma análise para ter certeza se estavam ou não desenvolvendo potência.
Um relatório obtido pelo O Globo mostra que a aeronave tinha um defeito no painel. O dispositivo serve para reunir em um mesmo lugar informações de bússola, radar e GPS. Esse instrumento não é obrigatório, mas, sem ele, o piloto acaba tendo que consultar todas essas informações em um lugar diferente. Por isso, em algumas categorias de aeronaves e tipos de rota, agências de segurança exigem o uso.
O relatório publicado neste domingo pelo O Globo ainda lista outros problemas, como uma luz de alerta que estava acendendo na ignição do motor, um freio de roda que estava inoperante, além do limpador do para-brisa do lado do copiloto que estava quebrado e dois assentos de passageiro que tinham problemas na fivela do cinto de segurança. O documento ainda cita problemas no ar-condicionado e rasgos em cortinas e assentos.
A Voepass informou que o avião “estava aeronavegável, com todos os sistemas em funcionamento” e que cumpria os requisitos e exigências estipulados pela legislação. Informou ainda que está colaborando com a conclusão das investigações para que seja “breve e esclarecedora”.