A Polícia Federal espera concluir, até setembro, o inquérito da trama golpista em que o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, como Mauro Cid, aparecem como investigados. Inicialmente, a ideia era encerrar o caso até o fim de julho, mas novas informações encontradas no inquérito da Abin paralela conectam com a tentativa de golpe. Fontes da PF dizem que as investigações da trama golpista devem indicar o desfecho do dia 8 de janeiro e os dados coletados no inquérito da espionagem da Abin vão inclusive ser usados na instrução do inquérito do golpe de Estado.
A PF tem lamentado internamente a troca na Corregedoria-Geral da Abin, prevista para 31 de agosto. A análise é de que a atual corregedora, a Lidiane Santos, ajudou e tem ajudado com a investigação sobre a Abin paralela, ao contrário de outros setores E que a saída dela pode gerar um prejuízo nas apurações administrativas. O indicado é o delegado José Fernando Moraes Chuy, que possui inclusive o aval da direção-geral da PF e é avaliado como um “bom colega” por fontes da PF, mas há um receio de que possa ocorrer uma “descontinuidade” das apurações internas.
Na quinta-feira (18), o ex-diretor da Abin, o hoje deputado Alexandre Ramagem, foi interrogado por mais de sete horas e respondeu a mais de 100 perguntas na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. Ramagem é um dos investigados, mas a versão dele até agora conflita com as provas que os investigadores têm. Segundo fontes da PF, o hoje deputado quis imputar a responsabilidade pelas consultas e produções de dossiês paralelos a dois policiais e afirmou que eles agiam à sua revelia. Mas para um dos investigadores, “tudo indica que os policiais agiram a mando do então diretor”, só que ele nega.
Mais de 50 mil inquéritos em andamento
Na segunda-feira (22), a PF lançou um painel com dados abertos das investigações em andamento. A corporação tem 50.512 inquéritos em andamento, os principais deles por estelionato, omissão de socorro e falsidade ideológica. As superintendências com mais casos investigados são de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará. Pelo painel, é possível ainda ver a “origem a comunicação”, se o inquérito foi aberto por pedido do Ministério Público, pelo Congresso ou até por determinação de tribunais superiores.
No caso de comunicações por tribunais superiores, como do STF, são 139 inquéritos em andamento, a maioria por corrupção passiva. Trinta e um deles tramitam no RJ, 21 na Dicor da PF, de enfrentamento ao crime organizado, como os casos do golpe e suposta fraude no cartão de vacina, além de 9 casos na superintendência do Maranhão, 8 no DF e 8 na Divisão de Inteligência Policial (DIP).