O julgamento por espionagem do repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, foi retomado nesta quinta-feira (18) a portas fechadas e ouviu depoimento de testemunhas em um caso que seu empregador chamou de farsa.
Gershkovich, um norte-americano de 32 anos que nega qualquer irregularidade e diz que as alegações contra ele são falsas, foi a julgamento no mês passado na cidade russa de Ecaterimburgo, onde enfrenta acusações que podem levar a uma sentença de até 20 anos de prisão.
Os promotores alegam que Gershkovich reuniu informações secretas sob as ordens da Agência Central de Inteligência dos EUA sobre uma empresa que fabrica tanques para a guerra da Rússia na Ucrânia. Ele é o primeiro jornalista norte-americano preso por acusações de espionagem na Rússia desde a Guerra Fria.
Oficiais do serviço de segurança FSB o prenderam em 29 de março de 2023 em uma churrascaria em Ecaterimburgo, 1.400 km a leste de Moscou. Desde então, ele está detido na prisão de Lefortovo, em Moscou.
Gershkovich, seu jornal e o governo dos EUA rejeitam as alegações e dizem que ele estava apenas fazendo seu trabalho como repórter credenciado pelo Ministério das Relações Exteriores para trabalhar na Rússia.
Seu empregador disse nesta quinta-feira (18) que ele estava preso injustamente há 477 dias.
“Mesmo com a Rússia orquestrando seu vergonhoso julgamento, continuamos a fazer tudo o que podemos para pressionar pela libertação imediata de Evan e para declarar inequivocamente: Evan estava fazendo seu trabalho como jornalista, e jornalismo não é crime. Traga-o para casa agora”, disse o Journal em um comunicado.
O tribunal que julga o caso informou nesta semana que o julgamento seria retomado nesta quinta-feira (18), em vez de 13 de agosto – a pedido dos advogados de defesa de Gershkovich.
A audiência desta quinta-feira (18) foi fechada para a imprensa e o tribunal disse que a próxima vez que a mídia terá acesso a Gershkovich será quando o veredicto for anunciado.
Julgamentos fechados são padrão na Rússia para casos de traição ou espionagem envolvendo material confidencial.
O tribunal afirmou nesta quinta-feira (18) que não podia fornecer informações detalhadas sobre os procedimentos, mas disse que o dia havia sido dedicado a ouvir o depoimento de testemunhas.